No programa de rádio Café com o presidente, o presidente falou sobre o vale-cultura e a democratização da cultura:
Apresentador: Olá você em todo o Brasil. Eu sou Luciano Seixas e começa agora o Café com o Presidente, o programa de rádio do presidente Lula. Olá, presidente, como vai? Tudo bem?
Presidente: Tudo bem, Luciano.
Apresentador: Presidente, na semana passada o governo enviou um projeto de lei ao Congresso Nacional que cria o Vale-Cultura. Como é que vai funcionar e quais são as vantagens desse benefício?
Presidente: Olha, Luciano, primeiro o Vale-Cultura visa criar possibilidades para que as pessoas mais pobres tenham acesso à cultura, possam comprar livros, possam comprar DVDs, possam ir ao teatro, ao cinema. Mas hoje nós temos um convidado especial para falar desse assunto que é o ministro Juca Ferreira, o ministro da Cultura, que participou comigo, em São Paulo, da assinatura do projeto de lei que nós estamos enviando ao Congresso Nacional. Então, é muito importante que o Juca fale aos nossos ouvintes o que significa o Vale-Cultura para o nosso país.
Ministro de Estado da Cultura/ João Luiz Silva Ferreira (Juca Ferreira): Presidente, o Vale-Cultura talvez seja a iniciativa mais importante que nós estamos tomando porque ela vai permitir que um número entre 12 e 14 milhões de brasileiros comecem a frequentar cinema, teatro, tenham a possibilidade de comprar CD, DVD, comprar livro. Ele vai funcionar de uma forma muito simples, muito semelhante ao Vale-Refeição, só que em vez de alimentar o estômago vai alimentar o espírito. O Vale-Cultura vai ter um valor nominal de R$ 50, o trabalhador só paga R$ 5, até 1% do total que a empresa deve como imposto o governo permite que desconte integralmente e a partir daí a empresa desconta na parte de despesa operacional que requer um percentual da empresa e um percentual do governo. O mais importante é que esse Vale-Cultura vai funcionar como um cartão magnético e esse cartão magnético o trabalhador pode numa livraria, numa loja de discos, na porta do teatro, na porta do cinema, transformar em acesso à cultura. Infelizmente, o Brasil tem uma exclusão, um apartheid cultural. O número de brasileiros que tem acesso à cultura é muito pequeno, nunca chega a 20%, a única exceção é a TV aberta. Mas, por exemplo, apenas 14% dos brasileiros vai ao cinema uma vez por mês com alguma regularidade, 96% dos brasileiros nunca entrou num museu, 78% da população nunca viu um espetáculo de dança, 93% nunca foi a uma exposição de arte. Ou seja, a gente até hoje nesses 500 anos de Brasil, não conseguiu integrar a população brasileira na cultura. Então, esse mecanismo é uma porta que se abre, uma porta importantíssima que vai permitir que os brasileiros comecem a frequentar os museus, os teatros, os cinemas, comprar livro, comprar CD e isso vai mudar qualitativamente a vida das pessoas.
Apresentador: Você está ouvindo o Café com o Presidente, o programa de rádio do Presidente Lula.
Presidente: Luciano, no encontro que nós fizemos de São Paulo com os artistas, no lançamento da assinatura do projeto de lei, eu pedi ao ministro Juca e pedi aos artistas que constituíssem um grupo de trabalho para que a gente começasse a tentar discutir com mais profundidade o acesso à cultura do nosso povo. Ou seja, por exemplo, sala de cinema. Hoje nós temos sala de cinema no centro das cidades ou em alguns bairros mais importantes você tem nos shoppings, salas de cinema. Mas a periferia, na verdade, você não tem sala de cinema. Então, o povo prefere ficar na frente de uma televisão porque não tem para onde ir. Então, é preciso a gente começar a cuidar como incentivar as pessoas a construírem sala de cinema, construírem teatros, para que o povo tenha possibilidade de ter acesso à cultura. Na verdade, o povo precisa, além de trabalhar, além de constituir sua família e cuidar da sua família, o povo tem que ter acesso à cultura. É extremante importante que a gente facilite com que a cultura esteja ao alcance do povo, ou seja, não é um cidadão que mora numa periferia a duas horas de ônibus do centro de uma capital que ele tenha que pagar dois ônibus para vir ao cinema. É o cinema que tem que estar mais próximo dele, é o teatro que tem que estar mais próximo dele. O que nós estamos tentando fazer, essa é uma primeira fase, ou seja, garantir que com desconto no Imposto de Renda os empresários possam facilitar a vida daquelas pessoas que trabalham e que querem ter acesso à cultura. Mas, num outro momento, nós temos que nos irmanar junto com prefeitos, com governadores de estados, junto com os empresários, para que a gente possa levar na periferia mais longínqua, onde as pessoas estão a possibilidade dele ter acesso ao conhecimento cultural. Porque alimentar a cabeça do saber é tão importante quanto alimentar o estômago de comida. E nós precisamos trabalhar, ou seja, o Estado precisa dar uma força muito grande para que o acesso à cultura seja uma coisa democratizada, para que as produtoras, para que as distribuidoras façam com que os filmes cheguem à periferia e a preços acessíveis ao povo. Ou seja, nós não podemos ter preços que são praticamente impossíveis de ser pago pela população. Então, esse é um começo importante, ou seja, eu senti no lançamento do projeto de lei uma adesão extraordinária dos artistas que estavam lá. Eu espero que essa adesão seja dos empresários brasileiros, seja dos prefeitos brasileiros, seja dos governadores brasileiros, para que a gente, definitivamente, democratize a participação da cultura próxima ao povo brasileiro.
Apresentador: Muito obrigado presidente Lula. E até a próxima semana.
Presidente: Obrigado a você Luciano, obrigado ministro Juca Ferreira pela sua participação no programa e até a próxima semana, se Deus quiser.
Apresentador: O programa Café com o Presidente volta na próxima segunda-feira. Até lá.
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