terça-feira, 21 de julho de 2009

Bancos baixam juros

A Caixa Econômica e o Banco do Brasil avisaram aoPresidente Lula que vão anunciar, entre hoje e amanhã, uma nova rodada de redução dos juros cobrados dos consumidores e das empresas. O movimento está relacionado ao esperado corte da taxa básica de juros (Selic) pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, de 0,5 ponto percentual, nesta quarta-feira. A expectativa do governo é de que a ação da Caixa e do BB force os bancos privados a seguirem na mesma direção — o que se viu nos últimos meses — tornando o crédito mais acessível.

A Caixa informou que a queda a ser anunciada hoje será a sétima do ano e faz parte de sua estratégia de ampliar espaço no mercado. Desde que adotou essa postura mais agressiva, por determinação de Lula, a instituição está atraindo clientes que só operavam com os bancos privados, muitas deles, empresas de médio e grande portes. Segundo o vice-presidente de Finanças da Caixa, Marcio Percival, há pedidos de empréstimos para o setor produtivo sendo analisados num valor próximo de R$ 9 bilhões. Esse dinheiro será usado para o reforço de capital de giro e para investimentos das companhias.

No BB, o anúncio só será feito depois da decisão do Copom. Em recente entrevista ao Correio, o vice-presidente de Novos Negócios e Varejo da instituição, Paulo Roberto Cafarelli, afirmou que o corte dos juros pelos bancos públicos é natural, pois essas instituições vêm tendo papel preponderante na ampliação da oferta de financiamento ao consumo e ao setor produtivo. Nos primeiros meses que se seguiram ao estouro da crise mundial, até mesmo o BB e a Caixa restringiram o crédito e aumentaram os juros.

Pelos cálculos do presidente do BC, Henrique Meirelles, ao partirem para o ataque, os bancos públicos aumentaram em 20,8% a concessão de crédito entre setembro de 2008 e maio. No mesmo período, os empréstimos realizados pelas instituições privadas nacionais cresceram apenas 3,7% e os fechados pelos bancos estrangeiros avançaram 2,5%. Foi a presença mais ativa dos bancos públicos, por sinal, um dos motivos de a demanda ter se mantido firme nos últimos meses, sustentando as vendas do varejo.

Fim de um ciclo?
Apesar do consenso do mercado de que a Selic cairá pelo menos 0,5 ponto amanhã, há uma divisão entre os analistas quanto à continuidade ou não do ciclo de redução dos juros iniciado em janeiro último — desde então, a Selic recuou 4,5 pontos, de 13,75% para 9,25% ao ano. Para o economista Maurício Molan, do Banco Santander, será mais prudente o Copom dar por encerrado o afrouxamento monetário depois da queda dos juros amanhã. A seu ver, “cortes adicionais tendem a ser contraproducentes, já que o mercado está vendo a economia em recuperação robusta, um sinal de inflação resistente. A tendência, segundo ele, é de a Selic cair e as taxas futuras de juros, que servem de parâmetro para a formação do custo dos empréstimos, subirem, prejudicando a retomada da atividade.

INFLAÇÃO

Os especialistas ouvidos pelo Banco Central na pesquisa Focus de mercado projetaram uma inflação de 4,53%, acima do centro da meta de 4,5%. Dos quatro índices (IGP-DI, IGP-M, IPCA e IPC-FIPE) de preços avaliados, apenas os dois primeiros foram revisados para baixo. O economista-chefe da Sul América Investimentos, Newton Rosa, reflete que a projeção de alta acompanha reajustes recentes nos preços administrados (taxas de água, luz, passagem de ônibus), que ficaram acima do que o mercado esperava para o ano. (Deco Bancillon)


Taxa de juros em queda é um excelente negócio para todo mundo. Quem comprar uma geladeira a prazo, por exemplo, terá prestações menores, abrindo espaço no orçamento para mais consumo ou para a poupança. Quando o Banco Central reduz a taxa básica (Selic), a tendência é de todos os bancos e financeiras seguirem na mesma direção. Mas fique esperto. Muitas vezes, essas instituições afirmam que baixaram os juros acompanhando o BC e, na verdade, a queda foi insignificante. Por isso, pesquise muito as taxas antes de fazer qualquer empréstimo ou crediário.

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