Crianças olham o esqueleto da obra da nova creche do bairro que já deveria estar pronta, na zona leste de SP
Ter uma casa era o sonho das mais de 2.000 famílias que vivem no conjunto habitacional Guaianazes B, na zona leste de SP. Nos últimos seis anos, eles passaram a morar em 26 prédios da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) no Jardim Pedra Branca, mas têm pouco além de um teto.O bairro não tem posto de saúde, o transporte é escasso e falta iluminação nas ruas. O que mais revolta a população, no entanto, é o esqueleto de uma creche que deveria atender crianças da comunidade na rua Hena. A obra, que começou a ser tocada pela própria companhia em novembro de 2007 (a previsão era abril), está parada há mais de um ano, segundo moradores. Em frente ao que deveria ser a unidade escolar está uma placa do governo do Estado com o valor do investimento: R$ 622.306,68.
Não é por falta de demanda que as obras não andam. A líder comunitária Ivete Aparecida Matias, 47 anos, da Associação Unidos Venceremos, estima que 400 crianças da região precisariam ser atendidas na creche. "Uma só não basta, precisaríamos de duas", afirma ela.
O bairro Jardim Pedra Branca fica no distrito José Bonifácio. Segundo levantamento oficial da Prefeitura de São Paulo, o déficit de vagas no distrito em março era de 508 crianças em idade de creche e 243 em fase pré-escolar.
A moradora Débora dos Santos de Sá, 25 anos, conta que espera há um ano vaga para o filho Daniel, que está para completar dois anos. Sem lugar na creche municipal, ela tem de pagar R$ 300 --quase um terço de seu salário de R$ 1.000-- por mês para deixar a criança em uma unidade particular. "Falta tudo por aqui. É bem diferente daquela Cidade Tiradentes bonita que aparece na TV.
A comunidade afirma que, sem segurança, houve saques de cimento e pedaços de ferro da obra. Na última sexta, dois homens cuidavam do local.
De acordo com moradores, ao lado da creche deveria funcionar uma Emei (pré-escola). A prefeitura diz que a obra da Emei está em fase de finalização do projeto e deverá ser licitada no próximo mês. O terreno foi cedido em 2006 pela CDHU.(Do Agora)
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