O Presidente Lul chega a Trípoli, na Líbia, na tarde de hoje, na véspera de sua participação na Cúpula da União Africana, a reunião dos chefes de Estado e de governo de 53 países do continente. Ao lado do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, Lula é uma das atrações do evento, preparado sob medida pelo ditador líbio Muammar Kadafi para promover a si mesmo e a seus planos de unificação africana.
O objetivo de Lula em Sirte (terra natal de Kadafi) será, mais uma vez - o presidente já esteve dez vezes no continente em seus dois mandatos -, estreitar relações econômicas, estipulando parcerias comerciais e acordos de cooperação que possibilitem ampliar as trocas comerciais, avaliadas em US$ 26 bilhões em 2008, diante de US$ 5 bilhões em 2003.
Um deles, com caráter quase simbólico, será a parceria entre a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e o governo de Mali para a produção de algodão.
Os mais relevantes para os interesses brasileiros, contudo, têm a ver com a produção de biocombustíveis, uma bandeira pessoal do presidente brasileiro.
Lula será um dos líderes políticos a discursar na abertura do evento, que ocorrerá em um centro construído especialmente, em Sirte, cidade situada entre o deserto e o Mar Mediterrâneo.
De acordo com o porta-voz do Planalto, Marcelo Baumbach, o presidente ressaltará em sua fala o "compromisso brasileiro de longo prazo com o desenvolvimento da África", além de propor à União Africana uma "aliança energética e agrícola".
SIMPATIA
Mesmo que enfrente a concorrência da União Europeia, da China e da Índia, o governo brasileiro conta com a simpatia dos africanos para ampliar sua fatia no mercado do continente, considerado por líderes políticos na Europa e na Ásia como muito promissor.
Em comunicado oficial, a direção da União Africana afirmou que "o convite é um reconhecimento à particular atenção que o presidente Lula dirigiu às relações entre o Brasil e a África".
Além disso, o chefe de Estado brasileiro empresta seu prestígio internacional à cúpula. Até aqui, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, é o único peso pesado confirmado. Silvio Berlusconi, primeiro-ministro da Itália, foi convidado, mas pelo menos até ontem não havia confirmado a sua presença.
Kadafi transformou a reunião em um ato de autopromoção. Na capital do país, Trípoli, cartazes da cúpula - com fotos do ditador líbio - se espalham por toda a cidade, com mensagens como "África é esperança" e "Morte aos inimigos da África".
REINSERÇÃO
A garantia da participação do presidente brasileiro também conta a favor de Kadafi, eleito em fevereiro para exercer por um ano o cargo de presidente da União Africana.
Há 10 anos, o líder líbio vem tentando se reinserir na comunidade internacional, após ter admitido a participação de agentes secretos do país em atentados terroristas, como o que derrubou um avião em Lockerbie, na Escócia, nos anos 80, e ter renunciado à produção de armas nucleares.
Nos anos 2000, Kadafi tenta forjar uma imagem de líder dos líderes africanos ou "rei dos reis da tradição da África", como se autoproclama.(Agência Estado)
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