terça-feira, 30 de junho de 2009

Lula vai à África buscar negócios e prestigiar Kadafi


O Presidente Lul chega a Trípoli, na Líbia, na tarde de hoje, na véspera de sua participação na Cúpula da União Africana, a reunião dos chefes de Estado e de governo de 53 países do continente. Ao lado do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, Lula é uma das atrações do evento, preparado sob medida pelo ditador líbio Muammar Kadafi para promover a si mesmo e a seus planos de unificação africana.

O objetivo de Lula em Sirte (terra natal de Kadafi) será, mais uma vez - o presidente já esteve dez vezes no continente em seus dois mandatos -, estreitar relações econômicas, estipulando parcerias comerciais e acordos de cooperação que possibilitem ampliar as trocas comerciais, avaliadas em US$ 26 bilhões em 2008, diante de US$ 5 bilhões em 2003.

Um deles, com caráter quase simbólico, será a parceria entre a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e o governo de Mali para a produção de algodão.

Os mais relevantes para os interesses brasileiros, contudo, têm a ver com a produção de biocombustíveis, uma bandeira pessoal do presidente brasileiro.

Lula será um dos líderes políticos a discursar na abertura do evento, que ocorrerá em um centro construído especialmente, em Sirte, cidade situada entre o deserto e o Mar Mediterrâneo.

De acordo com o porta-voz do Planalto, Marcelo Baumbach, o presidente ressaltará em sua fala o "compromisso brasileiro de longo prazo com o desenvolvimento da África", além de propor à União Africana uma "aliança energética e agrícola".

SIMPATIA

Mesmo que enfrente a concorrência da União Europeia, da China e da Índia, o governo brasileiro conta com a simpatia dos africanos para ampliar sua fatia no mercado do continente, considerado por líderes políticos na Europa e na Ásia como muito promissor.

Em comunicado oficial, a direção da União Africana afirmou que "o convite é um reconhecimento à particular atenção que o presidente Lula dirigiu às relações entre o Brasil e a África".

Além disso, o chefe de Estado brasileiro empresta seu prestígio internacional à cúpula. Até aqui, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, é o único peso pesado confirmado. Silvio Berlusconi, primeiro-ministro da Itália, foi convidado, mas pelo menos até ontem não havia confirmado a sua presença.

Kadafi transformou a reunião em um ato de autopromoção. Na capital do país, Trípoli, cartazes da cúpula - com fotos do ditador líbio - se espalham por toda a cidade, com mensagens como "África é esperança" e "Morte aos inimigos da África".

REINSERÇÃO

A garantia da participação do presidente brasileiro também conta a favor de Kadafi, eleito em fevereiro para exercer por um ano o cargo de presidente da União Africana.

Há 10 anos, o líder líbio vem tentando se reinserir na comunidade internacional, após ter admitido a participação de agentes secretos do país em atentados terroristas, como o que derrubou um avião em Lockerbie, na Escócia, nos anos 80, e ter renunciado à produção de armas nucleares.

Nos anos 2000, Kadafi tenta forjar uma imagem de líder dos líderes africanos ou "rei dos reis da tradição da África", como se autoproclama.(Agência Estado)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Nota do moderador: Comentários preconceituosos, racistas e homofóbicos, assim como manifestações de intolerância religiosa, xingamentos, ofensas entre leitores, contra o blogueiro e a publicação não serão reproduzidos. Não é permitido postar vídeos e links. Os textos devem ter relação com o tema do post. Não serão publicados textos escritos inteiramente em letras maiúsculas. Os comentários reproduzidos não refletem a linha editorial do blog