Eduardo Suplicy (PT-SP) tem um jeito meio devagar de falar e de gesticular, o que faz com que muitos de seus interlocutores pensem até que ele é meio bobão. Mas de bobo Suplicy não tem nada. Aliás, diz-se em Brasília que não há bobos no Congresso. Se o leitor quiser ter uma ideia de como está antenado o senador, basta conversar um pouco com ele, por exemplo, sobre as eleições de São Paulo. Você ouvirá que a situação está em aberto na política do estado, especialmente dentro do PT, e que ele próprio ainda não decidiu se será candidato a governador. Na linguagem política isso quer dizer o seguinte: Suplicy está estudando detidamente a hipótese. Tanto que tem até um levantamento de potenciais adversários dentro do partido.
Ele conta 13 nomes logo de saída: “A Marta [Suplicy, sua ex-mulher e ex-prefeita da capital] e o senador Aloizio Mercadante são dois candidatos naturais.
O ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci é o predileto do Presidente Lula, segundo foi revelado pelo Mercadante. Mas há outros nomes fortes. O ministro Fernando Haddad, da Educação; o ex-presidente da Câmara Arlindo Chinaglia; o prefeito de Osasco, Emílio de Souza; o ex-prefeito de Guarulhos Eloi Pietá; o Edinho Silva, que foi prefeito de Araraquara duas vezes; o prefeito de São Bernardo e ex-ministro, Luiz Marinho; o José Felipe, prefeito de Diadema; o deputado federal José Eduardo Cardoso, que é secretário-geral do PT; o presidente nacional do partido, deputado Ricardo Berzoini; e até o deputado José Genoino, que passou por problemas mas foi presidente nacional do PT. Todos são nomes muito fortes para concorrer ao governo do Estado”.
Ele concorda, entretanto, que Eduardo Suplicy também é um nome muito forte. “De fato, de todos esses nomes, se formos considerar qual teve a maior proporção de votos no estado, sou um nome. É um dado de realidade.
Em 2006, fui reeleito senador com quase 9 milhões de votos, 47,8% do eleitorado”, comenta o senador.
Ao ser questionado sobre a possibilidade de disputar até com a ministra Dilma Rousseff a indicação para candidato a presime dente, Suplicy tem a resposta na ponta da língua. “Nesse caso, já tivemos uma longa conversa, na qual a ministra se mostrou empolgada com o meu programa Renda Básica pela Cidadania.
Eu respondi que, estando ela assim tão empolgada em levar a ideia adiante, eu declarava meu apoio formal à sua candidatura.
Informei ao Presidente Lula, em janeiro, num voo entre Brasília e São Paulo, que não seria pré-candidato a presidente e que estou engajado na campanha da ministra.
Ou seja, nós estamos nos entendendo muito bem. Profundamente.” O senador não acredita que esse entendimento seja mais um dado a favor de sua candidatura ao governo. “Sinceramente, está tudo em aberto. Tudo em aberto.
Não tomei qualquer decisão. Agora, realmente muitas pessoas têm presime procurado insistindo que devo ser candidato. Veja aqui, por exemplo, tenho este e-mail de um ex-aluno que é vereador em Barra Bonita. Ele diz: “É chegada a sua hora de assumir o governo de São Paulo”. O argumento é de que, como governador, posso ajudar melhor a ministra Dilma na implantação do projeto Renda Básica da Cidadania. Recebi uma pesquisa de um eleitor, feita por e-mail, em que uma boa parte das pessoas defende que eu continue como senador, pois meu mandato vai até 2015. Mas outra parte defende com ardor que eu concorra ao governo.
Tenho amigos que dizem até que devo começar a ampliar o leque de assuntos para tratar da campanha.
Não falar só no Renda Básica.
Para onde ele está pendendo? “Olha, estou conversando, conversando muito. Pretendo falar com todos no PT que podem ser candidatos ou que têm algum tipo de participação no processo.
Ter um diálogo com todas essas pessoas.” As conversas não deixam fora nem mesmo Marta.
“No ano de 2000, pediram-me que eu fosse candidato a presidente, mas aliados da Marta argumentaram que eu não anunciasse isso, para não atrapalhar sua candidatura à prefeitura.
Deixei para anunciar só depois que ela se firmou. E fiz campanha por ela. Em 2004, também, quando a Marta foi candidata à reeleição. Em 2006, não coloquei meu nome para governador, e ela disputou a vaga com o Mercadante.
Em 2008, também a apoiei. Agora está tudo em aberto”, conta o senador petista.
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