O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Rio Grande do Sul, Claudio Lamachia, disse que a entidade vai requerer formalmente ao Ministério Público Federal (MPF) que divulgue as fitas com as gravações que envolvem as irregularidades a campanha da governadora gaúcha, Yeda Crusius (PSDB). O material faz parte de uma investigação que corre em segredo de Justiça, mas Lamachia avalia que neste caso o direito da sociedade de ver os fatos esclarecidos se sobrepõe ao alegado sigilo. "A sociedade não pode ficar com essa dúvida, especialmente porque envolve a figura da própria governadora", disse Lamachia.
As fitas trariam episódios relatados pelo ex-representante do governo gaúcho em Brasília, Marcelo Cavalcante, encontrado morto em fevereiro na capital federal. A revista Veja diz ter tido acesso a parte do material, que serviu de base para reportagem neste fim de semana. Os relatos foram confirmados como autênticos pela viúva de Cavalcante, Magda Koenigkan. A principal denúncia envolve a doação de R$ 400 mil por duas fumageiras gaúchas por meio de caixa 2 durante a campanha de 2006, sendo que o dinheiro irregular teria sido desviado para pagar contas pessoais da governadora. A existência destas fitas, inclusive com parte em vídeo, já foi denunciada em fevereiro pela cúpula do PSOL gaúcho. As gravações teriam sido feitas pelo empresário Lair Ferst, indiciado em um inquérito que investiga irregularidades no Detran. O empresário, ligado ao PSDB, teria feito as gravações como forma de defesa e entregue ao MPF em um suposto acordo de delação premiada. O PSOL pediu ontem o afastamento de Yeda do governo.
O PT articula a criação de uma CPI na Assembléia Legislativa para investigar as possíveis irregularidades. "Diante dessas novas denúncias, estamos atualizando o pedido de CPI e vamos conversar com todas as bancadas. A sociedade exige firme ação do Parlamento Estadual e somente as investigações de uma CPI poderão responder a este sentimento de impunidade e esclarecer o povo gaúcho", disse o líder da bancada petista, o deputado Elvino Bohn Gass, que ontem se reuniu com outros parlamentares do PDT, PSB e PCdoB para obter as 19 assinaturas necessárias para instalar a comissão de inquérito.
Yeda se manifestou no sábado e negou todas as acusações. Para ela, as denúncias foram requentadas porque voltaram a trazer dúvidas sobre a origem dos recursos utilizados para pagar a sua casa em Porto Alegre. "É mais um capítulo da mesma novela, com os mesmos personagens", disse Yeda, que também tentou desqualificar a viúva de Cavalcante. A governadora insinuou que Magda estaria tentando de livrar de uma das linhas de investigação da morte de seu marido, que seria o suicídio induzido.
O Ministério Público gaúcho disse ontem que existe a possibilidade de reabrir a investigação sobre a compra da casa da governadora, arquivado por falta de provas.
O PSDB gaúcho divulgou ontem nota, afirmando que as prestações de contas da campanha de 2006 foram aprovadas pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do estado e toda a arrecadação ocorreu por meio de operações por contas bancárias. O partido sustenta ainda que "este constante reanúncio de acusações infundadas caracteriza, cada vez mais, a tentativa de alterar, de forma ilegítima, o resultado das urnas nas últimas eleições".
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