Alvo de investigações do Ministério Público por irregularidades desde maio de 2006, o Hospital Municipal do Tatuapé (zona leste) tem hoje um déficit de 58 médicos, segundo a própria prefeitura. Em novembro do ano passado, entretanto, o Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) já apontava a necessidade de contratação de 118 médicos --naquela época, o déficit já era de 55 profissionais.
Ontem, o Agora publicou um reportagem com relatos de uma visita feita anteontem ao hospital. A ausência de profissionais era visível nos corredores, onde pacientes aguardavam horas por atendimento. Uma grávida com dores disse ter esperado pelo menos cinco horas para ter atenção médica. Um homem aguardava a fila andar sentado no chão.
Em novembro, havia 385 médicos na instituição, 55 a menos do que os 440 que a secretaria pode contratar nessa unidade. Hoje, existem somente 382 profissionais, o que gera o déficit de 58 médicos. O Cremesp avaliou que o ideal para o centro hospitalar seriam, em novembro, 504 médicos, o que daria um déficit de 118 especialistas.
Entre as 32 especialidades analisadas pelo Cremesp no ano passado, 19 apresentavam menos médicos do que o ideal. Na clínica médica, por exemplo, 66 médicos deveriam trabalhar na unidade, mas havia apenas 34.
O déficit também era grande nos setores de infectologia, no qual havia apenas seis especialistas, 15 a menos do que o ideal (21), e no chamado "intensivista-pediátrico", que registrava déficit de nove médicos, em relação aos 16 ideais. No setor de pediatria, ainda segundo o Cremesp, dos 37 médicos desejados, havia apenas 32.
Dados do conselho de medicina sobre a falta de médicos estão no inquérito do promotora Anna Trotta Yaryd sobre o hospital. Outras irregularidades, entretanto, também são apontadas nos documentos, como estrutura inadequada do prédio, salas fechadas por vazamentos e atraso em reformas. "Desde que instauramos o inquérito, aconteceram melhoras, mas ainda há muito a ser feito no hospital", disse a promotora Anna Trotta.
Além das investigações pelo Ministério Público, os problemas do hospital também chamaram a atenção da Comissão de Saúde da Câmara Municipal, que esteve no prédio no último dia 14 e voltou de lá com um relatório de irregularidades para ser entregue à Secretaria Municipal da Saúde.
Entre os problemas detectados pelos vereadores estão falta de materiais de higiene e antibióticos, pacientes mantidos em macas nos corredores e farmácia com alvará vencido. Apesar disso, o hospital é a referência no tratamento de queimados, ortopedia e traumatologia.
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