Na escola estadual em São Paulo em que os alunos da 4ª série tiveram o pior rendimento em língua portuguesa no Saresp, as dificuldades de aprendizagem ultrapassam os limites da sala de aula. Parte é explicada pela falta de organização na distribuição de livros. Crianças com dez anos estudam com livros indicados para alunos de seis ou sete. Outras sequer têm material.
Na Escola Estadual Doutor Genésio Almeida de Moura, no Jardim Damasceno (zona norte da capital), o conceito dos alunos ficou abaixo do básico no Saresp (Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo). "Meu livro de português é da 2ª série e o de ciências é da 1ª, e eu estou na 4ª", diz Amanda Manoelli Santos, 10 anos.
O desempenho ruim --a escola é a última em português entre 580 colégios e uma das últimas também em matemática-- está relacionado ainda à falta de higiene. Em parte do horário que deveria ser dedicado aos estudos, os alunos limpam as carteiras e o pátio. A escola tem apenas uma faxineira, que não dá conta.
"Tem rato, barata e ninho de pomba aí. É perigoso deixar as crianças comerem a merenda", diz Eva Pereira dos Santos, 67 anos. O neto dela, Wesley Raion, 11 anos, conta que o coordenador da escola dá vassouras para a turma limpar a sala. "Se a gente não obedece, sai mais tarde", diz.
Diante da falta de estrutura, os pais não se surpreendem com a posição da escola no Saresp. "Tenho de estudar com meu filho, ensinar a lição, para que ele saiba ler e escrever", diz Maria do Carmo Pereira, 33 anos. "Os professores são esforçados, mas o ambiente não ajuda.
Do lado de fora, mais problemas. O muro baixo da escola facilita a saída das crianças. Ontem, a reportagem flagrou estudantes pulando as paredes sem qualquer fiscalização. "Aqui não tem segurança. Não passa guarda nem carro da ronda escolar. Dá briga toda hora na porta", afirma Eva, avó de Wesley.
Salas superlotadas --com mais de 40 alunos--, biblioteca desestruturada e laboratório de informática sem uso completam a lista de falhas apontadas pelos pais. Muitos reconhecem que é difícil incentivar os filhos a estudar em um ambiente tão precário. O resultado é refletido na frequência das crianças, que acumulam faltas.
"Minha filha menor, que está na 1ª série, já pede para mudar de escola. Ela não gosta de sujeira", diz Maria do Carmo. (No Agora SP)
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