quarta-feira, 29 de abril de 2009

Colunista da Folha repete Agripino e reclama: "fonte mentiu" sob tortura

Folha de São Paulo condenada a pagar indenização por torturar a verdade (de novo).

O jornalista Rodrigo Viana trouxe o caso à público: a Justiça de São Paulo acaba de condenar em primeira instância o Jornal Folha de José Serra (Folha de São Paulo) a pagar R$ 18 mil de indenização a Dulce Maia, atualmente ambientalista no interior paulista, e, na época da ditadura, era militante da VPR (Vanguarda Popular Revolucinária).

O colunista Elio Gaspari publicou que Dulce Maia estava entre os militantes (que o jornal e Gaspari chamam de "terroristas", seguindo a cartilha da extrema-direita) que atacaram o Consulado dos Estados Unidos em São Paulo, em 1968, com uma bomba, num episódio com desfecho trágico, mutilando um pedestre.

Porém Dulce não participou da ação, e Gaspari e a Folha assumiram o erro.

A Justiça entendeu que, apesar do "erramos", cabe indenização. Veja o que diz o juiz Fausto José Martins Seabra na sentença:

Impossível supor que todos os leitores da notícia inexata tenham também lido as erratas e os pedidos de desculpas do articulista. Além disso, "a publicação equivocada, por si só, dá margem à indenização. Eventual retificação a posteriori não faz desaparecer o ato ilícito praticado".

Mais adiante, o magistrado dá um sutil puxão de orelhas em Elio Gaspari:

"No caso em foco não se pode esquecer que a notícia inexata foi produzida por jornalista bastante respeitado por substancial obra em quatro volumes sobre a história recente do país, o que lhe impunha maior responsabilidade na divulgação de informações sobre aquele período."


Gaspari repete Agripino Maia e reclama da "fonte": "mentiu" sob tortura

Gaspari ao "assumir" o erro, conseguiu piorar as coisas, repetindo Agripino Maia:

- Culpou a fonte. E a fonte era o depoimento colhido sob tortura de Sergio Ferro (um outro militante de esquerda) à policia, em 1971, que declarou a informação errada sobre Dulce nas sessões de tortura.

- Ora, Gaspari, uma sumidade em ditadura, tem claro conhecimento que os militantes eram torturados para confessar o que sabiam e também o que não sabiam.

Militantes, sob tortura, muitas vezes davam informações falsas (até de forma heróica) para despistar a policia e salvar a vida dos que ainda estavam soltos. Uma das formas de despistar era fingir entregar nomes de gente que presumiam estar a salvo naquele momento.

Por isso, Gaspari jamais poderia usar como fonte confiável um depoimento "oficial" colhido sob tortura nos porões da ditadura.

E ao checar as informaçõs pós-ditadura, Gaspari "descobriu" que o militante de então não confessou "corretamente" sob tortura!

Gaspari quis tirar de si a responsabilidade e jogar a "culpa" de seu erro ao torturado que não teria confessado "corretamente" sob tortura.

O colunista disse com sarcasmo: "Passados 37 anos, Ferro julgou oportuno corrigir o testemunho".

Repetiu o gesto que o senador Agripino Maia fez com Dilma, ao querer desqualificar a ministra por também não ter confessado "corretamente" sob tortura.

Para ler a sentença completa de condenção à Folha clique aqui e veja o fim da nota.

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