terça-feira, 17 de março de 2009

Olívio sai da disputa pelo governo gaúcho e abre caminho para Genro


Ex-governador do Rio Grande do Sul de 1999 a 2002 e um dos nomes tradicionalmente mais lembrados pelo PT gaúcho para disputar o cargo, Olívio Dutra disse que não pretende concorrer em 2010. A decisão foi comunicada ao partido em uma reunião da executiva estadual, na semana passada, e agora os dirigentes petistas querem antecipar para julho ou agosto deste ano o calendário para definir logo o nome do candidato na próxima eleição estadual.

O PT não quer prévias para evitar divisões internas e, à primeira vista, a retirada de Olívio abriria caminho para o ministro da Justiça, Tarso Genro. Junto com o ex-governador, ele forma a dupla sempre mais cotada para disputar o governo estadual e aceita concorrer em 2010, desde que por "consenso" do partido. Mas a definição não deverá ser tão simples. Para o próprio ministro, a decisão de Olívio "ajuda" na construção de um acordo mas ele ainda não pode ser considerado completamente fora do jogo.

A disputa entre Genro e Olívio ou, agora, entre o ministro e um eventual novo nome como começam a defender algumas correntes petistas, embute também diferenças em relação a alianças. Tarso quer ampliar o leque e já fez movimentos para se aproximar do PTB e do PMDB, em linha com as articulações do PT nacional com pemedebistas para reforçar a candidatura da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, à Presidência da República. Já Olívio costuma defender um "campo" mais tradicional, com PSB, PCdoB e PDT.

Maior corrente do PT no Estado e aliada de Tarso no movimento Mensagem ao Partido, que defendeu o deputado federal José Eduardo Cardozo (SP) na última eleição para o diretório nacional (vencida pelo deputado federal Ricardo Berzoini), a Democracia Socialista (DS) também prefere um foco mais à "esquerda", inclusive com a possibilidade de incluir o PSOL e o PSTU, explica o deputado estadual Raul Pont, um dos mais importantes dirigentes do grupo.

Com o ex-governador fora do páreo, Pont admite que por enquanto a DS tende a apoiar um representante da "nova geração" do partido. "Nos inclinamos para isso", afirma. Segundo ele, o Mensagem ao Partido segue existindo, mas isso não significa um alinhamento automático da corrente com Genro. Entre os nomes lembrados pelo deputado estão o ex-prefeito de Bagé, Luiz Fernando Mainardi, os deputados federais Pepe Vargas e Henrique Fontana (líder do governo na Câmara) e ainda o prefeito reeleito de São Leopoldo, Ary Vanazzi, que tem o apoio da corrente Articulação de Esquerda, vinculada ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST).

Segundo Pont, ontem a executiva do partido decidiu sugerir a antecipação do calendário para a definição no candidato de 2010 do fim deste ano para agosto, no máximo. A proposta que será submetida ao diretório estadual no fim deste mês prevê a abertura de inscrições de pré-candidaturas até maio ou junho para que o nome seja definido por consenso ou por "larga maioria" no próximo encontro estadual do partido.

Genro e Olívio já disputaram duas prévias para as eleições estaduais no Rio Grande do Sul. Na primeira, Olívio venceu e chegou ao Piratini em 1999. Na segunda, em 2002, Tarso levou a melhor, mas foi derrotado depois pelo ex-governador Germano Rigotto (PMDB). Em 2006 não houve prévia e Olívio perdeu a disputa para a governadora Yeda Crusius (PSDB).

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