Seguindo o rastro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), pacote de investimentos do governo federal, os shopping centers e as grandes redes de varejo começam a chegar a lugares distantes do país. Enquanto a crise econômica e o aumento do desemprego esfriaram a demanda em grandes centros urbanos, as regiões beneficiadas pelo PAC entraram no radar das empresas de consumo.
A LGR, empresa de shopping centers de Luciana Rique, herdeira do antigo grupo Nacional Iguatemi, decidiu investir no Acre, onde ainda não existe nenhum grande centro comercial.
O consumo per capita de Rio Branco, capital do Acre, cresceu oito vezes nos últimos seis anos, saltando de R$ 1,266 mil em 2003 para R$ 10,135 mil em 2008, segundo a Target Marketing, empresa de pesquisa de mercado.
Ao eleger Rio Branco, a LGR trilha o mesmo caminho da Ancar Ivanhoe, que inaugurou no ano passado, em Porto Velho, o primeiro shopping center de Rondônia, Estado onde estão sendo construídas as hidrelétricas do Rio Madeira. Espera-se que as obras gerem na região um boom econômico semelhante à construção da hidrelétrica de Itaipu, na década de 70.
O shopping de Rio Branco, batizado de ViaVerde Shopping, começará a ser construído em abril deste ano e deve consumir investimentos de R$ 65 milhões. Redes como a cadeia de fast-food Bob's e a City Shoes, varejista de calçados do Rio de Janeiro, já estão procurando franqueados na cidade e a expectativa é de que o empreendimento seja inaugurado em 2010. "Nossa estratégia é investir em cidades onde não existem shoppings", afirma o presidente da LGR, Dorival Regini de Andrade.
Filha do empresário Newton Rique, fundador do grupo Nacional Iguatemi, Luciana herdou participações acionárias nos shoppings Iguatemi de Salvador, Iguatemi de Porto Alegre, Plaza Macaé, no Rio de Janeiro e Shopping Barra, de Salvador. Os investimentos estão sendo bancos com recursos próprios da LGR.
Os investimentos em infra-estrutura que estão sendo realizados em Porto Velho, afirma Andrade, influenciaram na decisão da LGR em investir na cidade. A cidade também deve ser favorecida no futuro pela construção de uma rodovia que ligará a região Centro-Oeste ao Peru.
Segundo Marcos Hirai, do Grupo Cherto, consultoria especializada em varejo, muitas redes estão expandindo-se territorialmente e a construção de shopping centers em áreas antes desprezadas pela indústria de consumo passaram a ser vistas como "eldorados". A Mr Cat, uma das empresas para as quais Hairai trabalha, abriu recentemente franquias em Palmas (TO), Porto Velho e Manaus (AM) e está buscando franqueados em Macapá e Rio Branco.
Tibério Ramos, presidente da Ramos Transportadora, também está abrindo filiais na região Norte, após consolidar-se na região Nordeste. Entre os clientes da empresas estão varejistas de comércio eletrônico, como B2W, Magazine Luiza e Fast Shop, e indústrias de eletrônicos, como LG, Samsung e Panasonic, afirma o empresário. Devido à estratégia de expansão de sua malha rodoviária, Ramos espera um aumento de 15% no volume de entregas neste ano, mesmo com a crise econômica.
Com a abertura do shopping de Porto Velho, em outubro do ano passado, várias marcas do "Sul" desembarcaram na cidade, como a Richard's, Renner, Vivara e até a Calvin Klein. Segundo Marcos Carvalho, copresidente da Ancar Ivanhoe, o shopping tem recebido 420 mil visitantes por mês, o que equivale à população de Porto Velho, e até mesmo as escadas rolantes causavam frisson na inauguração do empreendimento. O próximo a chegar ao shopping é o McDonald's, que irá abrir um restaurante nos próximos meses.
Dono de dois motéis em Porto Velho, Paulo Luiz Ribeiro adquiriu uma franquia do Bob's e abriu a primeira operação de fast-food da cidade em 2006. O sucesso foi tanto que o empresário decidiu abrir a segunda loja no shopping da Ancar. "Quando abrimos a loja, um multidão fazia fila na porta e correu para dentro do restaurante", diz Ribeiro, para quem a vida não é mais a mesma. Agora ele enfrenta a concorrência de várias operações de fast-food, como o Subway, Giraffas e Spoleto (Release de notícias PAC)
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