Com a possibilidade de mais de uma candidatura da base governista em 2010, o Presidente Lula convocou uma reunião para o fim do mês, depois do dia 20 de janeiro, com PT, PSB, PDT e PCdoB para negociar a construção de uma candidatura única desses partidos à Presidência. O bloco de esquerda argumenta que elegeu mais prefeitos e vereadores no ano passado do que o PT e que, por isso, tem direito a ter candidato próprio na sucessão presidencial.
Por iniciativa do próprio Presidente Lula os partidos começarão a traçar um acordo para 2010 já em janeiro deste ano. O governo quer uma candidatura única no primeiro turno, mas ainda não há entendimento com os aliados. O bloco de esquerda planeja, a princípio, lançar a candidatura do deputado Ciro Gomes (PSB-CE) à Presidência. Depois da conversa com o presidente, as direções dos três partidos se reunirão, ainda este mês, para um acordo.
Os defensores da continuidade do bloco argumentam que tiveram o segundo melhor desempenho nas eleições municipais de 2008, atrás do PMDB. Segundo levantamento feito pelo diretor do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Antônio Augusto de Queiroz, o PMDB elegeu 21,72% do total de prefeitos e o bloquinho de esquerda, 14,42%. Em terceiro lugar aparece o PSDB, com 14,22% e em seguida o PT, com 10,11%. Do total de vereadores eleitos, o PMDB conseguiu eleger 16,34% e o bloco, 16,26%. PSDB teve 11,36% das cadeiras nas Câmaras Municipais e PT, 8,02%.
Dirigentes do PSB, PCdoB e PDT defendem a candidatura própria como uma forma de consolidar o grupo. Para o presidente do PCdoB, Renato Rabelo, a candidatura da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) não seria enfraquecida com mais de um nome da base. "Se o governo federal sair bem da crise, a candidatura apoiada por Lula será muito forte e vai criar dificuldade para Serra", disse. "E o bloco tem direito de ter candidatura", comentou.
Nas conversas com o Presidente Lula, o dirigente do PCdoB cita a eleição de 2006 em Pernambuco, quando o ex-ministro petista Humberto Costa disputou com o presidente do PSB, Eduardo Campos, o governo do Estado. Mesmo com dois candidatos da base, a oposição não venceu e o PT apoiou Campos no segundo turno. "Lula esteve em dois palanques naquela eleição. Existe a possibilidade de isso acontecer de novo", disse Rabelo.
Dirigentes dos partidos que integram o bloco pretendem argumentar com Lula em cima da eleição de 2002, quando PSB e PDT tiveram candidatos, junto com o PT. Eram três partidos de oposição contra o candidato do então presidente Fernando Henrique Cardoso, o hoje governador de São Paulo, José Serra. Nos debates era sempre três contra um, e Serra ficava encurralado na defesa nem sempre entusiasmada dos dois mandatos de FHC. Além disso, vários candidatos de um mesmo campo ampliam as alternativas de composição no segundo turno.
PSB e PCdoB tentam impedir o enfraquecimento do bloco de esquerda, depois que o presidente licenciado do PDT, ministro Carlos Lupi (Trabalho) declarou apoio à candidatura de Michel Temer (PMDB) na disputa pela Presidência da Câmara, e não à candidatura de Aldo Rebelo (PCdoB-SP). Dirigentes dos dois partidos passaram os últimos dias em reuniões com pedetistas para garantir apoio a Aldo Rebelo. No entendimento de integrantes do bloco de esquerda, Lupi quis agradar ao presidente Lula e garantir espaço no governo federal ao apoiar Temer, candidato do Planalto.
Aldo levará sua candidatura até o fim, garantem os integrantes do bloquinho. Tanto PCdoB quanto PSB acreditam que a possível candidatura de José Sarney (PMDB-AP) no Senado enfraquecerá a candidatura de Temer na Câmara. O argumento é que integrantes do PT e de partidos governistas migrarão da base de Temer para a de Aldo com receio de fortalecer demais o PMDB, que ficaria com a presidência da Câmara e do Senado. "A candidatura de Aldo tem muita viabilidade, sobretudo se no Senado der PMDB", disse o deputado Rodrigo Rollemberg (DF), que assumirá a liderança do PSB na Câmara.
Dentro do PDT, o mesmo grupo que defende o desligamento do partido do bloco aposta na candidatura única com o PT e no nome de Dilma Rousseff. Para o deputado Miro Teixeira (RJ), integrante da Executiva do PDT, seu partido não bancará a candidatura de Ciro Gomes. Ele descarta a candidatura de Ciro e argumenta que o deputado já teve apoio do partido em 2002, quando estava filiado ao PDT e concorreu à Presidência, mas não terá agora. "Ele não é mais candidato. O que empolga mais as forças do partido hoje é o nome de Dilma. É uma boa candidatura para nos apresentarmos ao eleitorado, disse Miro.
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