O presidente mundial da General Motors, Rick Wagoner, admite que vai ter muito trabalho até 1º de março. A data encerra o prazo dado pelo governo americano para que GM e Chrysler apresentem projetos de reestruturação que façam jus à ajuda financeira com dinheiro público.Segundo Wagoner, vários grupo de trabalho foram montados. Uma parte do plano é reduzir o número de concessionários na América do Norte. "O salão do automóvel de Detroit não é uma resposta ao governo, mas sim uma oportunidade de mostrarmos o que podemos fazer", disse Wagoner em meio a uma tumultuada entrevista improvisada por parte dos milhares de jornalistas que se aglomeraram no estande da GM no primeiro dia de apresentação do salão de Detroit, ontem.
A exigência do governo para que as empresas socorridas façam uma reestruturação surgiu até como forma de forçar a indústria americana a acelerar os projetos de veículos mais econômicos e menos agressivos ao ambiente. O próprio presidente da GM admite isso. "A reestruturação trouxe outro desafio para nós", disse. "Se compararmos o que oferecemos hoje com o que tínhamos em 2005 veremos quantas mudanças [ocorreram]".
Segundo o executivo, os US$ 13,4 bilhões que o governo americano deve liberar para ajudar a GM a sair do aperto financeiro é um volume de recursos "bastante consistente". A Chrysler receberá outros US$ 4 bilhões. A Ford dispensou a ajuda do governo americano.
Os problemas que a GM encontra nos Estados Unidos não vão alterar os planos de investimentos no Brasil, segundo Wagoner. "O time brasileiro é bastante criativo", disse.
A apresentação dos carros da GM no salão, ontem, ganhou força política. A governadora do Estado de Michigan, Jennifer Granholm, apareceu andando atrás daquele que será o primeiro carro elétrico produzido em massa pela GM a partir do fim do próximo ano, o Volt. Desfilando junto com o veículo, a governadora empunhava um cartaz com os dizeres "Here to stay" (aqui para ficar).
A mesma frase e outras fazendo a propaganda do carro elétrico apareceram no salão de Detroit em cartazes erguidos por um grupo de trabalhadores e concessionários convidados pela GM para tentar mostrar a vontade que a companhia tem para se reerguer.O grupo se enfileirou em uma espécie de passarela para aplaudir o desfile de carros que não usarão mais gasolina num futuro próximo.
A estratégia de levar os funcionários para exibir os carros também foi repetida pela Ford, que fez a sua apresentação no Cobo Hall, uma espécie de arena existente ao lado do espaço para a feira.
A crise está estampada no salão de Detroit. As apresentações deste ano são bem mais modestas, sem o tradicional glamour dos shows que cercavam os lançamentos e os projetos de futuros carros em anos anteriores.
Não se vê em Detroit este ano nenhum veículo quebrando as paredes envidraçadas do pavilhão de exposições, como fez a Chrysler em 2007. Nem mesmo o desfile de bois e vacas que surgiram no meio da rua, no ano passado, durante a apresentação de uma nova picape, também da Chrysler.
A feira deste ano passa a impressão de que acabou acontecendo simplesmente porque já estava no calendário ou porque os fabricantes americanos queriam evitar o ar de derrota. O espaço entre estandes está muito maior, já que sete grandes marcas, como Nissan, Ferrari e Porsche não compareceram ao evento.
O carro elétrico é, porém, a grande vedete. A GM, que promete colocar no mercado americano o seu primeiro veículo movido a eletricidade no fim de 2010, apresentou ontem o projeto de um luxuoso Cadillac sobre a mesma plataforma. Bill Ford, o presidente do conselho da Ford, disse que a empresa fechou um acordo com duas localidades - a cidade de Chongqing, na China, e o Estado do Colorado, nos Estados Unidos - para experimentar os seus primeiros elétricos.
A Mercedes-Benz também tem um projeto em Londres para experimentar várias unidades da versão elétrica do modelo ultra compacto Smart.
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