domingo, 16 de julho de 2017

O balão de Doria



Mal completara dois meses à frente da Prefeitura de São Paulo, João Doria (PSDB) passou a ser cogitado para a disputa presidencial do próximo ano, em aposta precipitada que começa a exibir falhas de sustentação.

A ascensão do prefeito não se deveu apenas a suas contínuas ações midiáticas, que lhe garantem exposição, por exemplo, quando empunha vassouras e pás fantasiado pelas ruas da cidade.

Ajudou a alçá-lo a onda de investigações policiais que comprometeu, total ou parcialmente, o prestígio e o apelo eleitoral de expoentes tucanos como o senador Aécio Neves (MG) –hoje o caso mais extremo de descrédito na legenda– e o governador Geraldo Alckmin.

Na condição de político –ou gestor, como prefere– não atingido pela Lava Jato, Doria envolve-se progressivamente em contendas nacionais , tendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) entre seus alvos preferenciais.

O balão que se inflava para voos nacionais encontrou, entretanto, obstáculos mais provincianos.

Vereadores aliados se insurgiram contra o que consideram açodamento e falta de diálogo na ofensiva da prefeitura para a concessão de inúmeros serviços públicos à iniciativa privada. O descontentamento do grupo, que inclui parlamentares do próprio PSDB, dificulta a votação de projetos.

Parece sinal de imperícia política que um prefeito recém-consagrado nas urnas consiga alienar simpatias até no núcleo de sua base de sustentação na Câmara Municipal.

Ademais, o tucano sente os desgastes do cargo. Sua popularidade oscilou de 44% a 41% entre fevereiro e junho, e a porcentagem dos que o desaprovam foi de 13% a 22%, de acordo com o Datafolha. Em cenário presidencial, apareceu com 9% em abril quando testado como candidato do PSDB –em junho, ficou em 10%. Lula tem 30%.

A excitação do início do ano, como se vê, não levou Doria muito além da divisa municipal, embora seja obviamente cedo para descartar possibilidades no pleito de 2018. Até lá haverá tempo, por exemplo, para que sejam apresentados resultados mais palpáveis na administração da cidade.- Editorial da Folha

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