A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, firmou ontem, com lideranças evangélicas, o compromisso de, caso eleita, não encaminhar ao Congresso propostas que ameacem a liberdade religiosa, que descriminalizem o aborto ou incentivem o casamento homossexual. Diante de mais de 50 representantes de diversas igrejas, Dilma afirmou estar sendo vítima de uma campanha de boatos e calúnias, como a notícia de que teria dito que nem Jesus Cristo tiraria sua vitória, frase que, segundo ela, jamais foi pronunciada.
O encontro de ontem foi uma tentativa da campanha de Dilma de reverter a crise vivida com os setores religiosos. Ontem, ela firmou o compromisso pela vida e, prometeu, se necessário, redigir uma carta aberta à população para reforçar esse ponto. Eu preciso de Deus e dos votos para vencer a disputa em outubro, disse a candidata, segundo o pastor Ivanir de Moura, presidente da Federação Evangélica de Santa Catarina.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que também participou do evento, disse que quando foi candidato também sofreu calúnias. Mas que Dilma ainda é mais frágil, por ser mulher, o que a torna alvo de preconceitos. Ninguém achava que um homem sem estudo, quase analfabeto, faria o governo que eu fiz. Agora, chegou o momento de elegermos uma mulher presidente, repetiu o presidente.
Lula lembrou todas as iniciativas tomadas pelo seu governo para fortalecer a atividade religiosa, sobretudo dos setores evangélicos. A deputada Fátima Pelaes (PMDB-AP), que se tornou evangélica após quase morrer em um naufrágio em 2002, afirmou que ser a favor da vida não é simplesmente ser contra o aborto. É também dar qualidade de vida às pessoas, como fez o governo Lula. E Dilma foi uma das grandes responsáveis por isso, declarou.
O presidente da Igreja Presbiteriana, reverendo Guilhermino Cunha, disse que o encontro de ontem serve para acabar com a boataria que envolve a candidatura Dilma. Foi o segundo nesta fase da campanha presidencial.
Guilhermino Cunha declarou que a candidata prometeu apresentar uma campanha mais propositiva, trazendo alternativas para o país e que ela, em diversos momentos, apresentou um sorriso vitorioso. Durante sua palavra aos representantes evangélicos, reverendo Guilhermino comparou o atual momento da campanha com um avião que, logo após decolar, vê a cabine tomada por ratos. O piloto, então, toma a palavra para acalmar a tripulação e os passageiros, afirmando que voemos alto, pois os ratos não resistem à altitude.
O deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) afirmou ontem que a campanha de Dilma perdeu a guerra da comunicação junto ao eleitorado evangélico e que o tempo é curto para reverter esse quadro. Ele disse ter participado, ao longo do feriado de Nossa Senhora Aparecida, de diversos cultos evangélicos no Rio de Janeiro para tentar desmontar a tese de que Dilma é favorável à legalização do aborto. Devo ter falado para 20 mil pessoas, ao todo. O problema é que os boatos estão vindo pela base, não pela cúpula, disse o parlamentar.
Para resolver esse impasse, é preciso uma declaração contundente da candidata, para que não pairem dúvidas sobre suas posições. Se não, vamos derrubar uma calúnia e eles vão apresentar outras, disse o deputado. Para o senador reeleito do Rio, Marcelo Crivella (PRB), esse é o momento de impedir a mudança de votos dos incrédulos, sendo fundamental que os líderes levem aos fiéis o que foi debatido por Dilma junto aos líderes das igrejas.Valor
O problema é que agora, muitos infiéis acordaram com sensação de estarem sendo traídos com essas declarações da Dilma e da possível assinatura de uma carta que prenucia o retrocesso nas questões socias e de direitos das "minorias" deste país. Atrelar a política à subserviência religiosa é retroceder à Idade Média. Enquanto outros países mostram avanços em suas legislações, por exemplo, com relação à união civil homoafetiva, o Brasil vai voltar ao Século das Trevas? Dilma periga ganhar os votos dos religiosos fundamentalistas e perder os votos das pessoas de bons sisos. Lamentável!
ResponderExcluirEu sinceramente fico triste com essa atitude da companheira Dilma.
ResponderExcluirO aborto é uma questão a ser discutida e nunca abafada. Ela deveria ter se oferecido para conversar com as lideranças religiosas, JUNTAMENTE com líderes feministas e intelectuais. A opinião de quem mais sofre é sempre ignorada. No fim, vários homens decidirão pelas mulheres.
Eu acho, francamente, que está se patinando em uma situação que não é interessante para ninguém. Não entendi a questão sobre a união civil entre homossexuais, a Dilma ficará contra? E também ficará contra a adoção por estes casais? Eu sou eleitor de Dilma, e jamais votaria em Serra, mas acho um grande retrocesso. Estou vendo em vários jornais que Dilma assinará uma carta contra o casamento gay, espero que seja mais uma mentira.
ResponderExcluirImagino que o programa eleitoral deve manter em evidência as diferenças básicas entre os dois governos-PSDB e PT. Quem não lembra aqueles noticiários sobre "altos e baixos" da economia no período FHC, imposições do FMI, as falcatruas envolvendo Banco Central, as privatizações "abençoadas"pelo nosso BNDES; falo assim mas não sei tbém que material é capaz de sensibilizar de forma mais abrangente, naqueles horários.
ResponderExcluirTenho 65 anos de janela, tive familiar preso político e torturado em 1973 e mantenho o maior respeito por todas as pessoas que lutaram contra a ditadura. Sou católica mas nunca pude tolerar o conservadorismo alienado do tipo TFP.
Não suporto mais ouvir Serra e a turma canalha do TFP que emergiu, cafonamente, de uma hora para outra, apegando-se a temas com afirmações idiotas e maledicentes. Lamentamos profundamente a atitude imatura e nebulosa de uma pessoa até então respeitada, como a senadora Marina; as suas discordâncias e incompatibilidades com o PT jamais justificariam tal posicionamento.
Se Deus quiser venceremos em 31 outubro.