sábado, 21 de novembro de 2009

Obras do José Serra não tem engenheiros?

Li na Folha de S.Paulo que um representante do governador José serra dizer que faltam engenheiros no Brasil e este talvez seja o motivo das recentes barbeiragens nas obras do Rodoanel e no buraco do metrô .

Aí eu pergunto: então as obras estão sendo feitas sem engenheiros?

Vice-diretor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, o engenheiro José Roberto Cardoso diz que, em primeira análise, o acidente no Rodoanel reflete um problema maior da engenharia brasileira: a falta de engenheiros experientes na execução de obras.

Cardoso falou à Folha, por telefone, na noite de ontem.

F-  Acidentes como o da cratera do metrô (em 2007), o da queda de obra do Fura-Fila (em 2008), o do Rodoanel, além do apagão desta semana, indicam quais problemas na engenharia brasileira?

José Roberto Cardoso - Grandes construções, como a do Rodoanel, precisam de engenheiros de obras experientes, e isso está em falta no Brasil. Há falta de engenheiros realmente bons e experimentados para a execução das obras, para antecipar os problemas que estão acontecendo e agir rápido.

F- - Os maiores acidentes recentes no país têm esse problema?

Cardoso - Têm. Nesse caso do Rodoanel, ainda é cedo para saber, mas duvido que o projeto tenha sido ruim. A engenharia brasileira tem, em geral, bons projetos. O problema é a implantação. Também vejo o caso do Fura-Fila como problema de execução, de supervisão.

Faltam engenheiros que já passaram por muitas obras para perceber que algo de errado começa a acontecer ali.

F- - Por que esses profissionais estão em falta?

Cardoso - O Brasil tem muitas obras hoje, está crescendo muito, a um ritmo muito superior de décadas passadas. Então, nos anos 1980 e 1990, com menos obras, os engenheiros ganharam menos experiência.

Além disso, há um problema de formação. Os problemas começam no ensino médio brasileiro, mais focado em humanidades e menos em matemática, física, química. Os alunos não acompanham as faculdades. De 150 mil que entram nos cursos de engenharia todos os anos, apenas 30 mil se formam, e há demanda para 50 mil formados. Há falta de engenheiros, em geral. Há falta de engenheiros civis. E a maioria dos formados opta pela concepção de projetos. Mesmo que os salários da execução das obras sejam maiores, essa opção seduz pouco os engenheiros, porque envolve viagens a locais inóspitos, longe de suas famílias.

Folha - "Importar" estrangeiros mais experientes é opção de curto prazo?

Cardoso- Nem tão de curto prazo. O estrangeiro teria de validar o diploma em uma universidade pública, conseguir o Crea [registro para exercício da profissão], e isso poderia levar algum tempo.Aqui para quem assina

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