quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Entrevista completa da Dilma na TV ao Jogo do Poder

Se alguém tiver dificuldade em ver o vídeo tente o link direto no YouTube
http://www.youtube.com/view_play_list?p=EDD85FED053AD2D2&playnext=1





A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, lamentou ontem que o governo, em seis anos de mandato, não tenha feito a reforma do Estado. Em entrevista ao programa "Jogo do Poder", da rede de televisão CNT, disse que a falta de iniciativa nessa área, foi devido a crise de 2002 e 2003, o governo Lula assumiu o poder "trocando a roda do carro" com ele em movimento.

Dilma elogiou o PT, mas disse que sozinho o partido "não faz verão". Dilma defendeu as alianças que deram sustentação ao governo e que, segundo ela, "também podem viabilizar de uma forma muito sólida a continuidade desse projeto numa nova etapa". "O governo soube construir um arco de alianças fundamental para que o país pudesse ir em frente. Esse arco deu sustentação e governabilidade", afirmou.

Ao mencionar a reforma do Estado como uma tarefa "central" do próximo governo, Dilma abordou o tema como prioridade. "O Estado brasileiro tem que ser mais eficiente. Não estou falando em choque de gestão, que acho uma das maiores enganações que se venderam à população", disse a ministra. "Não é cortando funcionários que você melhora a gestão."

Dilma contou que, quando assumiu o Ministério das Minas e Energia, em 2003, encontrou na Pasta 15 motoristas e dois engenheiros. Segundo ela, faltam servidores em algumas áreas e há excedentes em outras. "É impossível gerir dessa forma um ministério que tem subordinado a si toda a mineração, a energia e o petróleo", assinalou. "A grande questão no Brasil é instituir no Estado meritocracia e profissionalismo."

Pela primeira vez desde que deixou o PDT, onde militou por quase 20 anos antes de entrar para o PT , a ministra falou publicamente da opção que fez pelo trabalhismo de Getúlio Vargas e Leonel Brizola, em detrimento do movimento fundado por Lula. Em 1980, no ano em que o PT foi criado como uma negação do antigo trabalhismo, ela preferiu juntar-se ao PDT. A filiação ao PT só aconteceu em 1999, quando o partido de Brizola decidiu romper com o governo petista de Olívio Dutra no Rio Grande do Sul.

"O trabalhismo tinha sido o grande movimento de massas da resistência e da tentativa das reformas (urbana, agrária etc.). O Golpe de 64 foi feito contra o trabalhismo. Então, naquele momento, o PDT foi a alternativa de uma nova visão do Brasil", justificou a ministra, para em seguida elogiar o PT. "É um partido singular, a grande experiência inovadora que aconteceu no Brasil nos últimos 20 anos."

Dilma também disse que , "O PT tem que cumprir esse papel. Há um fenômeno dos partidos que vão para o governo e morrem. Eles perdem certas características", comentou. "Os partidos não podem se confundir com o governo. Eles são fatores centrais, mas têm de ter posições um pouco mais críticas. Isso é da democracia, não tem mal nenhum. O PT não tem que ser igualzinho ao governo."

Ao mesmo tempo em que defende o partido, a ministra deixa claro que não concorda com as críticas à política econômica, que os petistas consideram uma "herança maldita" do governo Fernando Henrique Cardoso. "É óbvio que o governo acha e segmentos do partido também acham que foram muito importantes todas as ações adotadas para o controle da inflação, a questão do superávit primário e a construção das reservas (cambiais)", observou.

De acordo com a ministra, o que pode incomodar os petistas é o ritmo de queda da taxa de juros, mas, novamente, ela não se alinha com essa percepção, deixando claro que o tema é uma atribuição do Banco Central. "Eu asseguro que (a taxa de juros) será reduzida. Agora, como e de que forma, essa discussão não interessa porque diz respeito ao BC. As condições (para isso) foram criadas pela política econômica."

Tratando de outro tema caro ao PT - as privatizações -, a ministra disse, na entrevista, que "não tem cabimento" o Estado se intrometer em atividades onde o setor privado tem grande eficiência e é forte - ela mencionou as indústrias automobilística, siderúrgica e metal-mecânica. "Isso é absurdo", comentou.

Dilma disse que não faria uma revisão das privatizações. Elogiou, por exemplo, a desestatização da telefonia, mas declarou que, "graças a Deus e aos céus", o Brasil não vendeu empresas como a Petrobras. Ela lembrou o caso da YPF, empresa de petróleo argentina privatizada em 1997 por US$ 16 bilhões e que hoje estaria valendo US$ 200 bilhões. Ela saudou também o fato de o país ter um sistema de bancos estatais.

"É um diferencial, na resistência à crise, contar com um sistema bancário estatal. Países que o perderam no processo de privatização que varreu a América Latina terão mais dificuldades", argumentou. "Um país que não tem uma empresa de petróleo tem uma dificuldade imensa de lidar com situações internacionais que a indústria do petróleo coloca."

A ministra disse que o Brasil, hoje, não tem mais que provar aos investidores que respeita os contratos. "Isso está para lá de provado. O que nós temos que provar é que o Brasil é um país moderno que protege seus consumidores, seja lá nas rodovias, onde não deixa cobrar tarifas elevadas, seja na energia elétrica", afirmou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Nota do moderador: Comentários preconceituosos, racistas e homofóbicos, assim como manifestações de intolerância religiosa, xingamentos, ofensas entre leitores, contra o blogueiro e a publicação não serão reproduzidos. Não é permitido postar vídeos e links. Os textos devem ter relação com o tema do post. Não serão publicados textos escritos inteiramente em letras maiúsculas. Os comentários reproduzidos não refletem a linha editorial do blog