domingo, 15 de maio de 2011

Alergia ao povo do metrô

Depois de muita pressão de moradores, o governo do Estado de São Paulo desistiu de uma estação de metrô na avenida Angélica, bem no coração de Higienópolis, um dos bairros mais chiques da cidade.

O argumento técnico, de que a estação ficaria a apenas 600 m de outra planejada para a Consolação, não é de jogar fora.

O que chama a atenção, no caso, é o motivo da mobilização dos moradores do bairro contra a estação de metrô. Para alguns deles, a maior facilidade de acesso ao bairro poderia aumentar as "ocorrências indesejáveis" e transformar a área num "camelódromo".

É puro preconceito. Revela o que pode haver de pior naquela parte da elite brasileira que adora andar de metrô na Europa e passa longe do transporte público na cidade em que vive.

A estação antes planejada para a Angélica agora deve ser construída em frente ao estádio do Pacaembu. Mas alguns moradores desse bairro, movidos pela mesma alergia ao povo, já se mobilizam para barrar o metrô por aquelas bandas.

Esses grupos parecem não dar conta de que um sistema de transportes eficiente beneficia a todos. Será que preferem ficar horas presos no carro?

Além disso, deveriam saber também que pedintes, vendedores e bandidos não são atraídos a seus bairros pelo transporte público, mas pela riqueza aí concentrada.

Se esse elitismo caipira virar moda, vai acabar expulsando estações do metrô tanto em Higienópolis quanto no Pacaembu.

Tamanho preconceito prejudica a maioria da população, incluídos aí os moradores de bom-senso desses bairros e os empregados do comércio e das casas neles localizados.

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