O Banco do Brasil anunciou ontem a abertura de sua primeira agência na China, a ser instalada em Xangai e que deverá estar operacional dentro de um ano.O objetivo é canalizar para investimentos no Brasil o "ouro de Pequim", como alguns empresários se referem ao caudaloso volume de recursos disponíveis na China.
Hoje, esses recursos passam por bancos estrangeiros radicados nos dois países, casos do Santander e principalmente do HSBC.
A decisão do BB é uma confirmação de que o foco no relacionamento Brasil/China deixou de ser o anunciado pelo Itamaraty, de melhorar a qualidade do comércio entre os dois países, e migrou para atrair investimentos chineses.
A presidente Dilma Rousseff, em discurso no seminário de negócios entre os dois países e depois na conversa com o presidente Hu Jintao, mencionou a necessidade de agregar valor à pauta exportadora brasileira, "excessivamente concentrada em soja, minério, petróleo e derivados".
Se o setor privado brasileiro não está animado com a melhora da pauta de exportações, é natural voltar o foco para o "ouro de Pequim".
Já há pelo menos um mecanismo para seduzir os chineses: uma medida provisória, em via de regulamentação, dá isenção de Imposto de Renda para investidores externos em fundos com regras que garantam a permanência do capital por pelo menos quatro anos.Paulo Roberto de Godoy Pereira, presidente da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base, calcula em R$ 45 bilhões a necessidade de captação externa para financiar a área de infraestrutura.
A Petrobras ainda precisa levantar cerca de US$ 15 bilhões para o pré-sal.
A missão empresarial que acompanha Dilma na China dará o "pontapé inicial" nessa busca de fundos. Esse caminho seria mais viável do que esperar os chineses comprarem bens de maior valor agregado no Brasil.
Afinal, há sobra de capital na China, e a aplicação interna é pouco rentável. No Brasil, com a isenção do IR, o retorno do capital investido nesses fundos ficaria entre 7% e 10% reais, podendo chegar a 12%.
A presidente condiciona os investimentos à transferência de tecnologia e a que tragam valor agregado mesmo em agricultura, em que o Brasil tem padrão de excelência reconhecido.
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