domingo, 13 de fevereiro de 2011

Projeto político de caciques paulistas se choca em 2014


O governador paulista Geraldo Alckmin sonha com a candidatura de José Serra (PSDB) para a Prefeitura de São Paulo. Mas ele não quer.

Serra, por sua vez, não descarta concorrer a governador em 2014. Mas aí é seu afilhado político, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), que não quer.

A incompatibilidade dos projetos dos três principais líderes políticos de São Paulo ameaça abalar a aliança governista do Estado.

Em comum, Alckmin e Serra trabalham para evitar que o senador mineiro Aécio Neves se firme como única alternativa do PSDB à corrida presidencial de 2014.

Mas a coincidência para por aí. Serra sabe que a consolidação do nome do mineiro fecha-lhe duas possibilidades: a Presidência e o governo de São Paulo.

Por isso infla Alckmin como presidenciável, nem que seja só para debilitar Aécio.

Serra apoiará definitivamente escolha de Alckmin para sucessão presidencial caso perceba que não tem chances. Assim, poderá pelo menos concorrer ao governo de São Paulo. Mas é isso que assusta Kassab.

Em seu segundo mandato, o prefeito planeja disputar o Palácio dos Bandeirantes. Mas, em recente jantar com o presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, disse que só não tentará o governo caso Serra seja candidato.

"Se Kassab dissesse algo diferente, eu ficaria assustado. Depois de um pé em Serra, a próxima vítima seria eu", disse Campos.

O PSB é um dos partidos com os quais Kassab flerta. Prestes a aderir à base governista, ele pretende consultar até o PT sobre sua candidatura. Teme, no entanto, o carimbo de desleal e evitará um confronto com Serra.

PREFEITURA

Já Alckmin idealiza o lançamento de Serra para a Prefeitura de São Paulo por dois motivos: além de imobilizar um potencial rival para governo ou Presidência, o governador ainda se livra do desgaste de patrocinar um candidato num momento em que não existe nome natural para o cargo.

A eleição de Serra permitiria ainda uma composição com Kassab num cenário dos sonhos de Alckmin: ele para Presidência e o prefeito para o Palácio dos Bandeirantes.

Todo o quebra-cabeça dependerá ainda do destino de Kassab. Em avançada negociação com o PMDB, o prefeito voltou a conversar com o PSB. Ele pretende deixar o DEM em março, após as eleições do partido.

Ele estuda três alternativas para permitir que deputados aliados deixem a sigla sem risco de perda de mandato. Além da flexibilização temporária da regra da fidelidade (que dependeria de acordo no Congresso), Kassab tenta convencer o DEM a se fundir com outro partido.

Nesse caso, os parlamentares do DEM poderiam deixar a legenda sem perder o mandato. A criação de uma nova legenda é outra hipótese em que a desfiliação não implica punição. Folha

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