Sempre cautelosa nos debates sobre ditadura, a presidente Dilma Rousseff tem encontro marcado hoje com as líderes das organizações das Mães e Avós da Praça de Mayo. A expectativa é que ela ganhe um lenço, símbolo das representantes das duas entidades que cobram o julgamento dos responsáveis por sequestros, torturas e assassinatos de civis durante o regime militar argentino (1976-1983).
Dilma pediu aos organizadores da viagem que o encontro fosse discreto. A presidente, que foi vítima de torturas no regime militar, temia que seus atos na Argentina fossem encarados como um "acerto de contas", disseram diplomatas. Ela retirou da agenda uma visita à Escola de Mecânica da Armada (ESMA), atualmente um centro de memória da ditadura argentina, onde cerca de 5 mil civis foram torturados.
Discrição. Diferentemente da colega Cristina Kirchner, que fez dos julgamentos a torturadores uma bandeira de governo, Dilma procurou se afastar do tema ao longo de sua trajetória pública. Durante a ditadura no Brasil, ela entrou para a guerrilha, foi detida e torturada e ficou presa de 1970 a 1972.
Poucos anos depois, em 1976, militares deram golpe de Estado na Argentina. A então estudante de Direito de Buenos Aires Cristina Kirchner e seu marido, Néstor, não participaram da luta armada no país.
O encontro de Dilma com os grupos de direitos humanos estava programado para a Casa Rosada, sede do governo argentino.
Na entrevista para os jornais argentinos publicada neste fim de semana, Dilma reafirmou que não fará concessões na área de direitos humanos. Ela citou como problemas na área as prisões de Abu Ghraib, no Iraque, e Guantánamo, na ilha de Cuba, mantidas pelos Estados Unidos, e as sentenças de morte por apedrejamento no Irã.Estado
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