da Folha amanheceriam entupidos de mensagens indignadas contra o jornal se a notícia não dissesse respeito a Monica Serra, mas a Dilma Rousseff.
Isso dito, é claro que é polêmica a publicação do relato de uma ex-aluna da mulher de Serra dando conta de que ela (Monica), em sala de aula, revelou já ter praticado um aborto. Não se trata de uma notícia qualquer. Ela coloca em conflito o direito à informação, de um lado, e o direito à privacidade, de outro.
Haverá, neste caso, bons argumentos a favor e contra a publicação. Penso que a Folha acertou, por duas razões principais: com o aborto alçado a tópico da disputa eleitoral (e por obra de Serra), o episódio passou a envolver evidente interesse público. E, tão importante quanto isso: Monica Serra havia dito, há um mês, em campanha pelo marido no Rio, que Dilma era a favor de "matar criancinhas", numa clara alusão à posição da petista sobre o aborto. Ao assumir como sua, e nos termos que fez, a campanha do marido, Monica fixou para si as regras do jogo que estaria disposta a jogar.
O caso (tão desconfortável, tão cheio de implicações desagradáveis a quem o aborda) permite, ou exige, uma reflexão de ordem mais geral. O PT tem sido acusado, quase sempre com razão, de ser capaz de qualquer coisa para se manter no poder. Isso virou um mantra, a despeito da sua veracidade. Mas Serra não está se revelando, já faz tempo, alguém disposto a pagar qualquer preço para chegar ao poder?
Essa pantomima de devoção e carolice que se apossou da campanha tucana (e que nada tem a ver, como parece óbvio, com respeito efetivo pela religiosidade do povo) é a expressão patética de que tudo (biografia, valores, familiares) está sendo sacrificado em nome de uma ideia fixa. Serra sonha ser presidente. Mas se parece, cada vez mais, com o personagem de Paulo Autran em "Terra em Transe".Fernando Barros - Folha
Por favor, procurem a versão correta e republiquem o Serra em Transe, que já na primeira frase está truncado.
ResponderExcluirCara Helena,
ResponderExcluirNão entendi o que voce quiz dizer com: "O PT tem sido acusado, quase sempre com razão, de ser capaz de qualquer coisa para se manter no poder".
Me parece a construção da frase expressou idéia contrária ao que queria dizer, é isto? Caso contrário, discordo totalmente da idéia passada de que exista "quase sempre razão", nas acusações de que o PT é capaz de qualquer coisa para chegar ao poder.
Hilbert
Eu sou a favor da legalização do aborto. Eu mesma, amigas e conhecidas o praticamos. Eu e uma amiga que hoje mora em Araxa o praticamos em Barbacena MG, quando moravamos em Ouro Branco com nossos respectivos maridos. Foi uma decisão nossa. Eles ignoram até hoje. Naquela época, 1981, tinhamos razões de sobra para agirmos assim. Nunca tivemos problema de conciencia, ao contrario, nos sentimos aliviadas. Tenho uma filha com 28 anos, minha amiga tem 3 lindos filhos e, tudo vai bem!
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