quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Delegados: SP paga pior salário e deixa 200 municípios sem titulares

Delegados fizeram protesto no centro da capital contra descaso com a segurança

A ausência de concurso público, a falta de plano de carreira e o pagamento do “Pior Salário Do Brasil” levaram uma centena de delegados de polícia à Praça da Sé nesta quarta-feira, no centro da capital paulista, de onde seguiram em passeata até a Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP).

Com apitos e faixas, os manifestantes alertaram para a situação de abandono que levou à “falência da segurança pública” em São Paulo, onde 31% dos municípios, cerca de 200, encontram-se sem delegado titular. Além do violento arrocho salarial, hoje são apenas 3,2 mil delegados para os 42 milhões de habitantes do Estado, o que aumenta a tensão nas ruas e no ambiente de trabalho.

Dados da Polícia Civil apontam que 34% dos 93 municípios que compõem a área do Deinter (Departamento de Polícia Judiciária do Interior) 3 de Ribeirão Preto, por exemplo, não possuem delegados próprios. Ao todo, são 32 cidades na região “sem-delegado”, numa população que soma 294.435 habitantes. Em vez de resolver o problema, o governo tucano acena com uma espécie de “bônus” para quem quiser se sobrecarregar ainda mais.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia, José Martins Leal, a falta de delgados atinge também outras regiões: conforme denúncia feita em desde o início do ano, faltam 50 nas 38 cidades da região de Campinas e 50 nas 52 cidades das regiões central e de Piracicaba. Na capital faltam 150, além de outros 80 na Grande São Paulo. Leal relatou que um dos DPs onde a situação é mais preocupante é o 73º (Jaçanã), na zona norte, que divide quatro delegados de plantão com o 90º (Parque Novo Mundo), na mesma região.

Somam-se a estas péssimas condições de trabalho, denuncia a presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Adpesp), Marilda Pansonato Pinheiro, “o acúmulo de funções, que prejudica o atendimento à sociedade”. “Há delegados que atuam como escrivães, motoristas e até carcereiros. O regime atual é de escravidão e a Segurança Pública em São Paulo está falida”, enfatizou.

Pessimamente remunerados, sem funcionários nas delegacias, obrigados a fazerem desde um simples boletim de ocorrência até a investigação de um inquérito, muitos delegados pedem a conta. “Dos 180 delegados que ingressaram no último concurso em novembro do ano passado, 20 já deixaram a carreira. Muitos preferem prestar concurso em estados vizinhos que oferecem salários maiores e deixar São Paulo”, lamenta Marilda.

PIOR SALÁRIO DO PAÍS

O presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia, José Martins Leal, afirma que está em curso “o maior êxodo histórico de delegados de São Paulo”. E não é à toa. O salário inicial de um delegado no Distrito Federal é R$ 13.368,68; no Paraná, R$ 11.779,56; no Amapá, R$ 9.920,00; no Mato Grosso, R$ 10.013,80; no Mato Grosso do Sul, R$ 7.560,00; no Rio Grande do Sul, R$ 7.094,98; no Maranhão, R$ 6.653,48... O Brasil tem 26 estados e o Distrito Federal. São Paulo, o Estado mais rico do país, paga o 27º pior salário inicial de delegado: R$ 4.487,30.

Conforme os delegados, o governo de São Paulo não aprendeu com os erros e continua agindo de forma irresponsável ao ignorar que, o que já foi grave está ficando insustentável. Em 2008, o então governador José Serra presenciou a maior greve da história da Polícia Civil (59 dias) com a promessa de reformas na carreira em dois anos, o que não ocorreu. Desde então, quando jogou a Polícia Militar contra a Polícia Civil, a única medida do tucanato foi engavetar a lista de propostas para a melhoria da segurança pública.Hora do povo

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