A Cesar o que é Cesar?. De onde vem o dinheiro para Cesar?

Sem mandato, ex-prefeito diz que é remunerado pelo DEM, mas o partido nega

O futuro de políticos que não conseguem se eleger é incerto. Muitos voltam para suas ocupações de origem, outros assumem cargos públicos e um terceiro grupo presta serviço para o seu próprio partido. É neste último que se enquadra o ex-prefeito do Rio de Janeiro, Cesar Maia, derrota-do na disputa de uma vaga ao Senado. O problema é que os mem bros do DEM, partido de Maia, não chegam a um acordo a res-peito da alegada prestação de serviços para a demista Fundação Liberdade e Cidadania. O ex-prefeito garante que sua renda vem da consultoria dada por ele à fun-dação, mas a entidade nega qualquer remuneração.

Questionado sobre suas pretensões futuras, Maia afirmou ao JB que dará continuidade ao trabalho que desenvolve na Fundação Liberdade e Cidadania, como assessor de assuntos internacionais, o que, segundo ele, lhe permite pagar suas contas.

- Como me sustentei desde janeiro de 2009. O DEM tem uma estrutura profissional exatamente como os partidos europeus - afirmou Maia.

O presidente da fundação, José Carlos Aleluia, no entanto, nega existência de pagamento a qualquer membro da diretoria. A úni-ca exceção seria o ex-deputado federal Paulo Gouvêia, dire-tor-executivo da entidade, afirma Aleluia. Contudo, o nome de Gouvêia não figura entre os membros da diretoria na página da fun-dação na internet.

De acordo com o presidente, o diretor-executivo é remunerado porque trabalha em tempo integral na fundação e é quem executa os projetos. Aleluia também garante que a estrutura da fun-dação é enxuta e conta com "dois ou três funcionários".

- Ninguém é remunerado. Eu sou o presidente, os membros são par-lamentares. Nem diretor, nem con-selheiro - garantiu Aleluia ao JB.

Mais contradições

Enquanto Cesar Maia afirma receber pelos serviços presta-dos, e o presidente da fundação diz que apenas Gouvêia é remunerado, a assessoria de imprensa do DEM endossou o que disse o ex-prefeito.

Entretanto, o pagamento, ainda de acordo com a assessoria, não seria a título de salário. Mas, uma "remuneração" pelo serviço de consultoria internacional prestado pelo ex-prefeito.

No site da fundação na internet, Maia aparece como um dos dire-tores de Projetos Especiais, ao lado, entre outros, do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM-SP), da senadora Katia Abreu (DEM-TO) e do deputado Cassio Taniguchi (DEM-PR). O único diretor que seria remunerado, Paulo Gouvêia, não aparece na relação de nomes do site.

(Vou me sustentar) como me sustentei desde janeiro de 2009. O DEM tem uma estrutura profissional como os partidos europeus

Cesar Maiaex-prefeito do Rio de Janeiro

Ninguém é remunerado. Eu sou o presidente, os membros são parlamentares

José Carlos Aleluia (DEM-BA) deputado federal e presidente da Fundação Liberdade e Cidadania, ligada ao partido

Destinos diferentes para os políticos sem mandato

Depois de anos a fio com mandato parlamentar, os políticos que não conseguem se eleger tomam rumos diferentes após o veredicto das urnas. Se muitos sonham em voltar ao Executivo ou Legislativo, outros preferem apenas esperar a poeira baixar para tomar uma decisão. Mas, quando questionados sobre como garantirão o pão de cada dia, todos garantem que têm como se manter mesmo sem os atrativos salários pa-gos aos eleitos.

Deputado estadual, Noel de Car-valho (PMDB-RJ) não conseguiu a reeleição. Mas, garante que isso não será obstáculo para que ele continue engajado na política fluminense. Entre suas bandeiras, pro-mete lutar contra a transposição das águas do Rio Paraíba do Sul.

- Quanto à minha vida particular, sou dono de um hotel fazenda que herdei de meu pai e que garantirá a minha sobrevivência - disse.

Outro velho conhecido da política carioca, o candidato derrotado ao Senado, Jorge Picciani (PMDB-RJ), conseguiu eleger seus dois, filhos Rafael e Leonardo, para a Alerj e para a Câmara Federal, repectivamente. Mas, não conseguiu voltar ao Legislativo estadual.

Por meio de sua assessoria, ele afirmou que continuará na presidência do PMDB, preparando o partido para as eleições municipais, em 2012. A autonomia financeira é garantida pelo Grupo Monte Verde, dedicado às atividades pecuárias e quem tem como sócios, além do próprio Jorge Com votos, sem coeficiente

No Rio Grande do Sul, a deputada Luciana Genro (PSOL-RS) nem pensa em desistir da política. Apesar da votação expressiva - mais de 129 mil votos - ela ficou fora por conta do coeficiente partidário. Para compli-car mais sua situação, ficou inelegível por que seu pai, Tarso Gen-ro (PT), foi eleito governador do Rio Grande do Sul.

Ela pretende voltar à Câmara de Vereadores de Porto Alegre em 2012, por isso, se prepara para tra-var uma batalha jurídica e política. Enquanto isso, a deputada deverá voltar a dar aulas de inglês.

- Vou continuar com minha atividade política. Sou da direção do partido no Rio Grande do Sul, tive uma votação que me faz sentir representante do povo. Por isso, vou continuar atuando nos mo-vimentos sociais, cobrando os go-vernos - garantiu. - Sou professora de inglês, vou voltar a dar aulas e pretendo concluir meu curso de direito no próximo ano.

Ex-deputada distrital, Eurides Brito (PMDB-DF) teve o mandato cassado após ser filmada recebendo dinheiro do ex-secretário de Relações Institucionais do DF, Durval Barbosa, durante a Operação Caixa de Pandora. Ela afirmou que pretende se manter longe dos cargos públicos e que está retomando os trabalhos de consultoria.

- Nunca considerei mandato como emprego, sou professora titular aposentada da Universidade de Brasília (UnB). Sempre deu para nos mantermos bem, independente de política - afirma. - Continuarei com o mesmo estilo de vida que sempre tive.JB