segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Horário gratuito terá 'Dilma do Lula', a vida de Serra e Marina como 3ª via

Sindicalista, Lula era Luiz Inácio da Silva. Candidato, registrou Luiz Inácio Lula da Silva. Agora voltou a ser Lula. Dilma é Rousseff. A partir do dia 17, início do horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão, a candidata do PT a presidente passa a ser a "Dilma do Lula". O presidente estará nas entrelinhas do programa eleitoral petista, mesmo quando não aparecer pessoalmente, mas com o cuidado para não esconder a candidata.

Os dois primeiros programas do PSDB vão focar na imagem do Serra, louvar sua biografia. O programa do PT também contará a história de vida de Dilma. "Mostrar a biografia dela, humanizá-la", diz um dirigente petista. Em grande parte com narração de Lula. Os tucanos supõem que o PT perderá algum tempo para apresentar Dilma e suas realizações de governo, enquanto Serra não precisará disso porque é mais conhecido, portanto, pode começar mais cedo a apresentação de propostas concretas. Dilma não parece muito preocupada - ela terá 40% de todo o tempo de rádio e tevê para usar.

Com menos de um minuto e meio na propaganda eleitoral da televisão e do rádio, o PV apostará em uma propaganda simples, com poucos efeitos digitais, para apresentar a candidata à Presidência, senadora Marina Silva (AC). A ideia do partido é criar uma "marca nacional" da candidata. A campanha apostará em discursos marcados por "crenças e valores", para dar "mais credibilidade" a Marina, segundo o comando da campanha.

O responsável pelo marketing da campanha, Paulo de Tarso Santos, diz que Marina se diferenciará de Dilma e de Serra por apresentar-se como terceira via. "Serra e Dilma apostarão no modelo do "fez e fará". é uma prestação de contas e promessas do que virá. Marina não. Ela irá na linha do "continuísmo sem continuidade"".

PSDB e PT são evasivos quanto o assunto é a campanha negativa, os ataques. Luiz González, o jornalista responsável pelo programa de Serra, acha improdutivo, mas em 2006 soltou Geraldo Alckmin, no segundo turno da eleição, para cima de Lula. Os petistas dizem a mesma coisa, mas no comitê de Dilma o que se diz é que a candidata não vai levar "desaforo para casa". A candidata do PV evitará ataques aos dois candidatos e a comparação dos governos Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso.

É possível que o nível da campanha baixe sem que os candidatos saiam dizendo desaforos um para o outro. O ataque é uma arma arriscada que tanto pode funcionar como se voltar contra quem bateu primeiro. O Valor apurou que as candidaturas proporcionais é que devem ser usadas para as agressões. Os tucanos asseguram que no máximo farão "umas ironias", no início. Assuntos como a relação do PT com as Farc ou pancadas na concorrente, virão conforme as pesquisas qualitativas indicarem necessidade, mas não nos dois primeiros programas.

Poucas, muito poucas pessoas tiveram acesso aos programas preparados pelo jornalistas João Santana. Nem todos os integrantes da coordenação de campanha viram os filmes de Santa. Discrição é uma marca registrada do marqueteiro de Dilma. Mas sabe-se que o maior desafio da campanha do PT ainda é a dosagem da participação de Lula na campanha no rádio e televisão.

Teme-se que uma overdose de Lula faça desaparecer a candidata. No debate da TV Bandeirantes, na quarta-feira, Dilma só falou em Lula já na metade do programa. Mas não foi por orientação da equipe de marketing, algo circunstancial. Mas Lula é que vai apresentar Dilma, dizer que ela é o terceiro mandato e que foi responsável por grande parte do governo do PT. A presença de Lula só será menor, se Dilma disparar logo nas pesquisas.

O tempo de Dilma no horário eleitoral, 10min39s, é grande demais para ser preenchido apenas com discurso da candidata e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Com discrição, quase secretamente, Dilma viajou a vários Estados para filmar com João Santana em obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Só depois das gravações é que mantinha contato com as seções locais do PT e autoridades.

Santana botou Dilma em projetos do governo federal, obras acabadas ou em execução. Tem também as imagens feitas nas viagens com Lula, produzidas sob medida para a televisão, como a visita de inspeção das obras da transposição do Rio São Francisco. Haverá reportagens também, de modo a tornar o programa bastante ágil .

À frente das obras, Dilma quer dizer que também é responsável pelo sucesso do governo de Lula da Silva. Tudo passava pela Casa Civil, da qual era ministra, e a "Mãe do PAC" desde 2007. A campanha de Dilma também pretende forçar a mão nas comparações entre os oito anos de governo tucano de Fernando Henrique Cardoso e os oito de Lula. Dilma deve questionar muito a passagem de Serra por dois ministérios de FHC, especialmente pelo Planejamento. Mas também dizer que nem tudo foi o sucesso dos genéricos ou a política de combate à Aids quando Serra estava no Ministério da Saúde. Dilma vai dizer que uma mulher pode ser presidente. Ela está preparada e o Brasil está preparado.

Os programas do PSDB do PT ainda não foram editados. Santa tem fartura de imagens. Gonzales, até agora, gravou apenas algumas imagens externas do candidato, caminhando em algumas regiões do país. A gravação em estúdio está atrasada. Imagem em estúdio "vai ficar tudo para a última hora", comentou o responsável pelo marketing da campanha tucana, o jornalista Luiz González.

O primeiro debate na televisão, na quinta-feira, serviu de teste para o PSDB para formatar o programa de televisão, que irá ao ar a partir do dia 17. O partido acompanhou o desempenho do candidato por meio de pesquisas qualitativas feitas em cinco grandes colégios eleitorais: São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Rio de Janeiro e Pernambuco. González gosta de surpresas, como a pergunta que José Serra levou para o debate sobre as Apaes.

A principal aposta não deve ser o embate entre as biografias de José Serra e Dilma Rousseff. O "menino de origem pobre", "filho de feirante" e o "jovem exilado do país, por defender a Petrobras e a reforma agrária" devem ser usado nos primeiros programas, para a apresentação do candidato. Serra evitará criticar o governo Lula como um todo, mas, a exemplo do que fez no debate, pinçará problemas da gestão do presidente Lula, sobretudo na área social, como na saúde e educação.

No programa eleitoral, os tucanos evitarão responder às comparações que devem ser feitas pelo PT entre os governos Fernando Henrique Cardoso e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Ninguém quer comparar o que aconteceu agora com o que foi feito antes desse governo", disse o presidente do PSDB e coordenador da campanha de Serra, senador Sérgio Guerra (PE). "Lula é um mito, é preciso reconhecer. Ele nunca vai se repetir na nossa história. O que nós vamos fazer agora é mostrar o que o povo precisa depois dele". (Colaborou Vandson Lima, de São Paulo)

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