sábado, 26 de junho de 2010

Vice abre crise em chapa de Serra

Com exatos 101 caracteres digitados no Twitter, o presidente do PTB Roberto Jefferson, que andava de moto por Minas Gerais, detonou crise na campanha presidencial de José Serra. No intervalo do jogo entre Brasil e Portugal, ele escreveu que o senador Álvaro Dias (PSDB) será o vice na chapa do tucano. As horas que se seguiram foram de correria nos bastidores, respostas lacônicas, confirmação e ataques diretos do DEM, que cobra a vice e insinua que pode romper com o PSDB na convenção do dia 30. O deputado democrata Ronaldo Caiado (GO) chamou a indicação de “desastre”. À noite, Dias disse que, se o DEM deixar a aliança, ele abre mão do cargo.

Serra bateu o martelo sobre o vice ontem de manhã. Coube ao presidente nacional do PSDB e coordenador da campanha, Sérgio Guerra (PE), dar a notícia a Dias – que já estava em São Paulo desde cedo – e a aliados. Apesar disso, ao ser questionado sobre a indicação, em Bragança Paulista – onde assistiu o jogo da Seleção ao lado de Geraldo Alckmin –, o candidato desconversou e disse que a decisão era do partido. “É questão que está sendo encaminhada pelo presidente do partido. Eu não falo nada para não criar interpretações”. Guerra tentou minimizar no início da tarde, mas confirmou a indicação horas depois. “É excelente parlamentar, pacifica o partido e tem estatura política”.

A partir daí, o DEM começou a despejar críticas nos aliados. O presidente nacional do DEM, Rodrigo Maia, protestou. “Não podem pedir para o DEM abrir mão. Entreguem o braço deles, e não o meu”. Ele fincou o pé na decisão de indicar o vice e disse que os tucanos têm até o dia 30, data da convenção do partido que votará apoio ao PSDB, para decidir.

PTB e PPS apoiaram a escolha. Jefferson avisou que, se Maia insistir na vice, o PTB também o fará. “Acho que temos melhores condições públicas de fazer a indicação porque o episódio do Arruda (o ex-governador do DF José Roberto Arruda) está muito recente”.

‘Convocação’
Em Cuiabá, Dias disse que a indicação foi “convocação irrecusável” e “honra”. Mas ressalvou: “Se o DEM tiver que sair, saio eu.” Seus defensores dizem que, com ele na vice, Serra fortalece palanque no Paraná, O irmão de Dias, o senador Osmar Dias (PDT), não sairia mais ao governo em aliança com o PT de Dilma Rousseff e apoiaria o concorrente tucano no Estado, Beto Richa.

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