quarta-feira, 2 de junho de 2010

Investigação no DEM muda o foco

A chefe de gabinete do senador Efraim Morais (DEM-PB), Mariângela Cascão Pires e Albuquerque, será chamada a prestar depoimento na Polícia Legislativa do Senado para explicar os critérios de prestação de contas do trabalho das funcionárias fantasmas Kelly Janaína Nascimento da Silva, 28 anos, e Kelriany Nascimento da Silva, 32 anos. O nome de Mariângela foi citado no depoimento de Mônica da Conceição Bicalho, apontada como recrutadora das estudantes que não apareciam para trabalhar, como a responsável por reunir informações sobre o “trabalho externo” realizado por Kelly e Kelriany. A chefe de gabinete é servidora efetiva da Casa desde 1984.

No depoimento prestado à Polícia Legislativa, Mônica e a irmã Kátia da Conceição Bicalho alegaram que prestavam contas verbalmente dos trabalhos realizados durante o mês para o gabinete de Efraim. Kátia e Mônica admitiram que ficavam com o cartão da conta-corrente das irmãs para descontar uma suposta dívida que as estudantes teriam contraído. As irmãs alegaram que Kelly e Kelriany teriam adquirido R$ 28 mil em roupas, mas o montante não tinha sido pago. Com isso, segundo a versão delas, os salários de R$ 3,8 mil (Kelly) e R$ 1,4 mil (Kelriany) pagos durante 13 meses, equivalente a mais de R$ 66 mil, teriam abatido a dívida.

Na próxima semana, a comissão de sindicância do Senado que apura envolvimento de servidores com o esquema de funcionários fantasmas vai ouvir nove funcionários da Casa sobre a suposta fraude, sete ligados ao gabinete de Efraim e outros dois da diretoria-geral. Em menos de 15 dias de investigação, outras duas funcionárias efetivas do Congresso foram citadas durante apuração do esquema: a chefe de gabinete e funcionária comissionada do gabinete do deputado Efraim Filho (DEM-PB).

Acesso ao inquérito
O primeiro-secretário da Casa, senador Heráclito Fortes (DEM-PI), disse ontem ao Correio que conversou com o corregedor Romeu Tuma (PTB-SP) sobre a sindicância e apontou inconsistência na utilização de procurador para nomear as supostas funcionárias fantasmas. “Para os estados é comum nomear procurador para tomar posse, para o funcionário não ter que vir aqui e gastar, mas para Brasília, eu nunca tinha visto. Não entendo para que uma procuração para uma pessoa que mora aqui.” O contínuo Gilberto Rocha da Mota, do gabinete de Efraim, tomou posse em nome de Kelly e Kelriany, moradoras de Sobradinho.

Ontem, o advogado de Kelly e Kelriany, Geraldo Faustino, não conseguiu obter o depoimento de Mônica e Kátia, prestado na segunda-feira. Os advogados das supostas recrutadoras, por outro lado, não tiveram dificuldades em obter cópias do inquérito. A polícia do Senado alegou que o “presidente do inquérito” não estava na Casa e, por isso, Faustino não poderia ter acesso ao documento. O responsável pelo caso, no entanto, deixou a delegacia do Senado pela porta lateral no momento exato em que Faustino chegou para tentar ter acesso à versão de Mônica e Kátia.



Confira os personagens do caso dos servidores fantasmas no Senado


Mônica da Conceição Bicalho
Comissionada do gabinete de Efraim, teria intermediado a
contratação de Kelly e Kelriany.

Kátia da Conceição Bicalho
Irmã de Mônica, ela detinha a procuração para movimentar a
conta-corrente das funcionárias fantasmas. Trabalhava no gabinete
como funcionária terceirizada.

Kelly Janaína Nascimento da Silva
Contratada desde abril de 2009 para trabalhar no gabinete do senador do DEM, alega que nunca trabalhou e que sua identidade era usada no esquema fantasma.

Kelriany Nascimento da Silva
A estudante alega que soube que tinha conta-corrente para receber pagamento do Senado após processo admissional em um emprego no Ministério da Educação.

Nélia da Conceição Bicalho
Mãe de Mônica e Kátia, também teria recebido transferência da conta-corrente das fantasmas.

Ricardo Luiz da Conceição Bicalho
Irmão de Mônica e Kátia. A polícia investiga se Ricardo também foi beneficiário de transferência da conta das funcionárias que nunca trabalharam no Senado.

Rosemary Ferreira Alves de Matos
Secretária do gabinete do senador, a comissionada teve o nome citado pelo contínuo Gilberto Rocha da Mota como funcionária responsável por indicar procurador para a nomeação de Kelly e Kelriany.

Gilberto Rocha da Mota
Contínuo do gabinete de Efraim, foi procurador da posse
fantasma de Kelly e Kelriany.

Valéria Crysthina Lacerda de Vasconcelos
Funcionária do gabinete do deputado Efraim Filho (DEM-PB), atendeu a pedido do pai de Mônica para que o marido médico fizesse o exame admissional de Kelriany para o Senado.

Mariângela Cascão Pires e Albuquerque
Chefe de gabinete do senador, apontada por Mônica como responsável por receber os relatórios “verbais” sobre os trabalhos externos das fantasmas.

2 comentários:

  1. Este Efraim está mais para Efraim imorais do que Efraim Moraes.

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  2. Há muitos anos ouço relatos de prática semelhante em outros gabinetes (Deputados e Senadores), que fazem "acordo" com seus nomeados, e ficam com parte dos salários...

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