Um mês depois que os comandos nacionais de seus partidos simularam rompimento com o governo de José Roberto Arruda, parlamentares do PSDB, do DEM e do PPS assumiram ontem a missão de proteger o governador e demais beneficiários do mensalão do DEM comandando três das quatro comissões que terão papel decisivo sobre os pedidos de cassação de mandatos acumulados na Câmara Legislativa do Distrito Federal.
A CPI da Corrupção, formada para investigar o propinoduto, será integrada por quatro aliados de Arruda (três deles ex-secretários do governo) e apenas um oposicionista. O presidente da CPI será Alírio Neto, do PPS, e o relator será Raimundo Ribeiro (PSDB). Os outros dois governistas são Eliana Pedrosa (DEM), secretária de Desenvolvimento Social que voltou à Câmara para fortalecer a tropa de choque de Arruda, e um deputado do PRP, Batista das Cooperativas. Batista será relator dos três pedidos de abertura de processo para cassação de Arruda.
A Comissão de Constituição e Justiça, primeira instância para analisar os pedidos para abertura do processo de impeachment contra Arruda, será presidida por um representante do DEM, Geraldo Naves, e terá entre seus integrantes a deputada Eurides Britto (PMDB), flagrada enchendo uma bolsa com propina entregue pelo delator do mensalão do DEM, Durval Barbosa..
Casa fechada, insultos na rua e anti-prece na parede
O esquema de proteção aos mensaleiros do DEM foi montado ontem com a Câmara Legislativa fechada ao público, por ordem de outro mensaleiro que reassumiu a presidência da Casa, Leonardo Prudente (ex-DEM). Ele alegou motivos de “segurança”.
Em frente à sede do Legislativo, estavam concentrados aproximadamente mil manifestantes. Parte deles, majoritariamente formada por militantes da CUT, integrava o movimento “Fora Arruda!”; outra parte, formada por funcionários públicos e representantes de associações de bairros subsidiadas pelo governo, defendia a permanência do governador no cargo com a palavra de ordem “Fica Arruda”.
A claque de Arruda dançou – quadrilha – e discursou sobre obras feitas por seu governo. O outro grupo gritava “Arruda na Papuda” (nome do presídio do Distrito Federal) e, numa referência ao vice-governador, Paulo Otávio, “P.O no xilindró”, ao som da música “se gritar pega ladrão, não fica um, meu irmão”. Os manifestantes trocaram insultosDentro da Câmara, a Polícia Legislativa impediu os jornalistas de entrar no corredor que dá acesso às salas das comissões.
Na sala da Assessoria de Comunicação da Câmara Legislativa, a jornalista Ana Maria Campos, do Correio Braziliense, encontrou um texto sob o título “A anti-prece dos homens públicos que têm preço”. A “anti-prece”, reproduzida em seu blog, é a seguinte:
“Financiador nosso que estais na terra
Santificado seja o teu negócio
Venha a nós o teu dinheiro
Seja feita a tua vontade
Assim no público como no privado
A propina nossa de cada dia nos dai hoje
Perdoai nossos desfalques
Assim como nós perdoamos os que malversaram antes de nós
E não nos deixeis cair na tentação da honestidade
Mas livrai-nos do flagrante e da verdade,
Amém.”
Brasília Confidencial
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