sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Dilma apelida agenda de Lula de "rali Paris-Dakar". Médico diz que Lula trabalha demais

O Presidente Lula retomou, depois das férias de 11 dias divididas entre o litoral baiano e o paulista, uma rotina de viagens nacionais e eventos públicos que levaram a ministra Dilma Rousseff, a batizar a agenda presidencial de "rali Paris-Dakar".

Acostumado a cumprir uma carga diária de trabalho de aproximadamente 12 horas, Lula avisou aos seus ministros recentemente que todos devem intensificar a agenda no último ano do governo. "Não sou daqueles técnicos que, quando o time vence, dá folga para os jogadores no dia seguinte", teria dito o presidente segundo contou um ministro ao Valor.

Do dia 11 de janeiro até a noite de quarta-feira, 27, quando foi constatada uma crise hipertensiva - a pressão do presidente chegou a 18 por 12 - Lula visitou sete Estados, sempre acompanhado pela ministra Dilma Rousseff. Somando todos os eventos dos quais participou, o Presidente discursou mais de cinco horas, fora as conversas em reuniões internas com ministros, empresários, governadores e prefeitos.

As demandas deste período também não foram fáceis. Lula voltou das férias tendo que resolver a briga entre o ministro da Defesa, Nelson Jobim, e o secretário nacional de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, sobre a criação da chamada Comissão da Verdade.

No mesmo dia (13 de janeiro) Lula conduziu reunião do gabinete de crise para definir a ajuda do governo brasileiro ao Haiti após o terremoto que devastou a capital haitiana, Porto Príncipe. Lula ficou muito tenso, não apenas com o sofrimento do povo haitiano mas também com a morte dos 18 militares brasileiros e dois civis, incluindo a fundadora da Pastoral da Criança, a médica Zilda Arns. No dia 15, Lula encerrou dois dias de viagem ao Maranhão e voou diretamente para Curitiba para participar do velório de Zilda.

Novo momento de emoção vivido pelo presidente em relação ao episódio haitiano aconteceu no dia 21 de janeiro, quando, após reunião ministerial que durou aproximadamente 5 horas, ele levou todos os ministros para acompanhar as honras fúnebres aos 18 militares mortos no Haiti. Na ocasião, o Presidente leu um discurso preparado pela assessoria. "Ele nos disse que não conseguiria falar de improviso, não seguraria o choro", disse ao Valor um outro ministro.

Durante evento para anúncio de recursos do programa Minha Casa, Minha Vida, para os municípios abaixo de 50 mil habitantes, ele disse que a oposição não tinha programa para apresentar e que "chutaria do peito para cima, sem saber que eu sou capoeirista". Em viagem a Minas, no dia 19 de janeiro, o Presidente afirmou que "quer inaugurar o maior número de obras possíveis até março, quando a ministra Dilma terá que deixar o governo para ser candidata". Na reunião ministerial de 21 de janeiro, Lula chamou o presidente do PSDB, Sérgio Guerra, de "babaca" por criticar o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

O primeiro atendimento a Lula na noite de quarta-feira, ainda no avião presidencial que iria levá-lo para Davos, na Suíça, foi feito pelo médico da Presidência, o coronel Cleber de Araújo Leal Ferreira. Em todos os eventos do presidente, seja no Brasil ou no exterior, a comitiva sempre é acompanhada por uma Unidade de Terapia Intensiva completa. Do corpo médico presidencial fazem parte nove médicos militares, cujos consultórios ficam no mesmo andar do gabinete presidencial.

Cleber Ferreira diz que, com suas maletas, "pode fazer desde um curativo simples no dedo até uma cirurgia de barriga aberta". Durante viagem a Estocolmo, por exemplo, Lula cortou o dedo em uma torneira. O médico da Presidência aplicou-lhe uma vacina antitetânica e imobilizou o braço do Presidente com uma tala.

Nas viagens precursoras - quando um grupo de assessores visita com antecedência os locais por onde o Presidente passará - também vão integrantes da equipe médica presidencial, responsáveis por analisar os hospitais locais, reservar quartos comuns e de UTIs para situações de emergência e escolher os caminhos mais rápidos e seguros para o deslocamento do hotel para o hospital.

Além de Cleber Ferreira, que é ortopedista, Lula também conta com a assistência do médico Roberto Khalil Filho, que o atendeu no Hospital Sírio Libanês. Ele é o responsável por realizar os check-ups anuais aos quais o presidente se submete regularmente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Nota do moderador: Comentários preconceituosos, racistas e homofóbicos, assim como manifestações de intolerância religiosa, xingamentos, ofensas entre leitores, contra o blogueiro e a publicação não serão reproduzidos. Não é permitido postar vídeos e links. Os textos devem ter relação com o tema do post. Não serão publicados textos escritos inteiramente em letras maiúsculas. Os comentários reproduzidos não refletem a linha editorial do blog