sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Sudene destina R$ 1,5 bi para investir em infraestrutura no Nordeste em 2010

O Nordeste cresce hoje a taxas acima da média nacional, mas continua exigindo fluxos cada vez maiores de investimentos estruturantes - rodovias, ferrovias, portos e aeroportos, principalmente - para possibilitar o escoamento de sua crescente produção agrícola e industrial, disse ontem, em Recife, o economista Paulo Sérgio de Noronha Fontana, presidente da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), durante seminário comemorativo dos 50 anos de criação da instituição, uma realização do Valor , com apoio da Sudene e do Ministério da Integração Nacional.

"O Nordeste fez a diferença no passado, ao contribuir para elevar o nível de renda do trabalhador nordestino, e deve continuar a fazer essa diferença hoje ao atender a a necessidade de financiar projeto estruturantes para modificar a vida de centenas de milhares de pessoas da região", diz o presidente da Sudene, anunciando para 2010 um volume de investimento em obras de infraestrutura da ordem de R$ 1,5 bilhão.

"Nossa diretriz é a de que para impulsionar o desenvolvimento, a região precisa de fato de uma melhor infraestrutura para sanear deficiências de portos, rodovias e ferrovias. Nossa estratégia é a de investir na complementariedade dos corredores multimodais de logística do Nordeste, na ampliação das infovias, provendo melhores serviços de comunicação de dados para todos e na diversificação da matriz energética da região, ampliando a participação de fontes renováveis, de termelétricas, nucleares, reduzindo a dependência de fontes hídricas", afirma. "Temos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE), cujos gestores somos nós, que nos vão dar condições de aplicar R$ 1,58 bilhão em 2010. Além disso, a Sudene dita as prioridades do FNE, um fundo constitucional, que contará com recursos de R$ 8 bilhões em 2010. Trabalhamos em conjunto com o Banco do Nordeste, que é o operador desses recursos, para dar uma guinada nos planos a serem perseguidos para aplicação."

Um dos projetos prioritários é o da construção da ferrovia Transnordestina, com 2,2 mil quilômetros, ligando o município de Eliseu Martins, no Piauí, a Salgueiro, no Pernambuco, com ramais interligando os portos de Pecém, no Ceará, e o de Suape, em Pernambuco, que receberá recursos só da Sudene da ordem de R$ 2,6 bilhões. "Fechamos o contrato com a Odebrecht, que já iniciou a obra e em 90 dias contará com 7 mil trabalhadores", diz. Além disso, estão previstos novos investimentos na área de energia eólica. Quatro projetos estão previstos no Ceará, com recursos em torno de R$ 1 bilhão.

Para o presidente do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), Roberto Smith, no entanto, antes de colocar todas as forças na construção de um novo ciclo de desenvolvimento, há que se pensar estrategicamente a região. "Por exemplo, é preciso ter uma visão geopolítica de que a Transnordestina deve se estruturar para o Nordeste, em termos de integração com o Sul do País, e não visar apenas sua integração com o Porto de Itaqui, que está dentro do âmbito puro e simples da Vale do Rio Doce", diz.

Segundo ele, é preciso também rever a ideia corrente hoje em dia em relação ao financiamento de energias alternativas. "A questão está mal encaminhadas no que se refere à avaliação de custos e deve ser muito bem discutida o problema da modificidade tarifária", afirma.

Na opinião do presidente do BNB, o turismo nordestino é outro projeto que deve passar por grandes revisões dos agentes políticos e econômicos do Nordeste. "Antes de qualquer coisa, é preciso discutir o problema da aviação regional, um dos principais pontos de estrangulamento da infraestrutura de logística da região. Sem regulação do setor aeroviário regional, o Banco do Nordeste não tem como financiar projetos nessa área, devido ao seu elevado risco financeiro", afirma. "Enfim, é necessário pensar o Nordeste de forma mais decisiva para mudar substancialmente a tendência de nossa debilidade em relação à renda média nacional. Isso requer revisões de caráter tributário e institucionais."

Um projeto que está sendo discutido no BNB, para alterar as estratégias de atuação, segundo Smith, é o da criação de um escritório de projetos do Nordeste, junto com a iniciativa privada. "A intenção é trabalhar de forma complementar os projetos de investimentos, afastando a ideia do banco ser um mero balcão de projetos individuais, que acabam retardando o processo de amadurecimento industrial."

Em relação ao desempenho do BNB ao longo de 2009, Smith destaca que a instituição fechou o ano com aplicações da ordem de R$ 20 bilhões, diante de R$ 13 bilhões em 2008, atendendo sobretudo setores carentes de custeio agrícola, apoio à exportação e à fruticultura nordestina. "Isso nos colocas um nível de aplicações de um quinto do total das operações do BNDES", destaca.

Além disso, o banco termina o ano com um saldo de crédito de longo prazo de 67%, e nas operações de curto prazo saiu de 6% em 2008 para 7% em 2009. "Para 2010, estamos nos esforçando para ver aprovado no Senado um aumento de capital em torno de R$ 1 bilhão, o que vai alavancar um aumento no saldo de aplicações entre R$ 9 bilhões a R$ 18 bilhões. Isso deixa o banco com folgas em relação aos requisitos de Basileia nos próximos dois anos", afirma.Valor Econômico

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