terça-feira, 24 de novembro de 2009

Metade dos eleitores votaria em candidato apoiado por Lula


A ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) ganhou, em dois meses, quase quatro pontos percentuais de intenção de voto à Presidência da República, enquanto seu principal concorrente, o governador José Serra (SP), ficou estacionado.

Esse é o movimento no cenário de primeiro turno considerado mais provável - com a participação da senadora Marina Silva (PV-AC), que perde pouco mais de um ponto percentual, dentro, portanto, da margem de erro - que aparece em pesquisa do instituto Sensus para a Confederação Nacional do Transporte (CNT), divulgada ontem.

Em disputa de 2º turno com Dilma, o governador tucano permanece na frente, como nas pesquisas anteriores, mas a diferença entre os dois cai seis pontos percentuais no período considerado.

A rodada deste mês, realizada entre os dias 16 e 20 (duas mil entrevistas em 24 Estados e 136 municípios), pesquisa o potencial de polarização entre o governo atual e o de Fernando Henrique Cardoso (1995 a 98 e 1999 a 2002), reforçando a estratégia do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a eleição de 2010. Numa pergunta sobre qual dos governos foi melhor, o petista colhe um percentual sete vezes maior. A pesquisa também pretende aferir a influência de ambos na eleição. A transferência de votos de Lula aparece como três vezes superior à de FHC.

Para o diretor do Sensus, Ricardo Guedes, e o presidente da CNT, Clésio Andrade (PR) - aliado do governador mineiro Aécio Neves, que disputa com Serra o posto de candidato do PSDB a presidente -, a pesquisa mostra uma "clara rejeição" a FHC. O que explicaria, na opinião de ambos, tendência de queda observada no desempenho de Serra ao longo dos últimos 12 meses, mas que não atinge Aécio Neves. "O apoio ostensivo do ex-presidente prejudica fortemente Serra", diz Clésio. Ele e Guedes avaliam, também, que a demora do governador paulista em assumir sua candidatura o prejudica, outra tese de Aécio debatida Brasil afora.

Clésio e Guedes recorrem aos números de 12 meses para afirmar que as intenções de voto em Serra caíram 15 pontos percentuais. A afirmação, no entanto, baseia-se na comparação de cenários de primeiro turno muito diferentes entre si. O percentual da rodada atual usado por Clésio e Guedes para apontar queda de 15 pontos percentuais de Serra é obtido em cenário de disputa no qual o deputado Ciro Gomes (PSB-CE) é incluído. Nessa corrida, Serra fica com 31,8%, Dilma com 21,7%, Ciro com 17,5% e Marina com 5,9%. A ex-senadora do P-SOL foi excluída, porque anunciou apoio à senadora do PV.

Em nenhum cenário apresentado aos entrevistados há vitória no 1º turno. Pela primeira vez, a CNT/Sensus inclui Ciro e Dilma numa mesma lista. Quando ambos disputam com Serra, o tucano fica em primeiro lugar. Na hipótese de Aécio ser o candidato do PSDB, Ciro sai na frente.

Como inovação, a CNT/Sensus pesquisou a intenção de voto nas chapas mais cogitadas, incluindo os pré-candidatos a vice. Três alternativas são apresentadas ao entrevistado. A chapa Serra e Aécio bate Dilma e o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP). Essa dupla é a que tem a maior rejeição.

Com os papéis dos tucanos invertidos - Aécio a presidente e Serra como vice -, a chapa também ganha da dupla governista. Ciro, tendo o ministro Carlos Lupi (Trabalho) como vice, fica em 3º lugar nos dois casos. Marina, com o empresário Guilherme Leal, presidente da Natura, como vice, aparece em quarto.

A única chapa que, na opinião de Clésio e Guedes, resultaria na soma dos votos que cada candidato parece ter, individualmente, seria formada por Aécio na cabeça e Ciro na vice. Ganhariam das duplas Dilma-Temer e Marina-Leal. "A entrada desta chapa - Aécio-Ciro - alteraria muito o quadro", diz Clésio, sem explicar como essa solução poderia ser viabilizada legalmente ou politicamente.

Dilma tem a segunda maior rejeição (34,4% não votariam nela), atrás de Marina (38,4%). A ministra é desconhecida por 13% dos eleitores e a representante do PV, por 27,7%. Aécio tem o maior índice de desconhecimento e a menor rejeição (22,8%). Em tese, teria mais campo para crescer. Serra é o mais conhecido (apenas 6,2% o desconhecem) e o 3º maior percentual de rejeição (27,7%). Ciro é rejeitado por 25,3% e tem alto índice de conhecimento: apenas 9,1% o desconhecem.Valor Econômico

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