segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Isso é Kassab: Firma da merenda usa 'fantasma'

Uma rede de empresas fantasmas, laranjas e notas fiscais frias envolve uma das maiores fornecedoras de refeições prontas do País, a Geraldo J. Coan & Ltda. O imóvel onde deveria funcionar representante da Coan abriga, na verdade, igreja evangélica. Dados bancários indicam depósitos periódicos da Coan a empresas fantasmas. Tudo confirmado pelo Ministério Público Estadual, a tal ponto que a empresa se viu obrigada a admitir sonegação fiscal. Promotores, no entanto, desconfiam que o esquema tinha outra serventia: disfarçar o pagamento de propina a autoridades municipais.

Presente em 16 Estados, a Coan tem desde 2006 contrato com a Prefeitura. Na gestão de Gilberto Kassab (DEM), fornece fornecer merenda a unidades de ensino em Pirituba e Freguesia do Ó. O MPE acusa ela e outras nove empresas de formarem cartel para fraudar licitações e corromper agentes públicos. Promotores entraram com ação para impedir que elas participassem de novos pregões, mas a Justiça negou o pedido.

A investigação das atividades da Coan começou em 2008, quando denúncia levou a polícia a abrir inquérito. O informante também procurou o Estado: trazia nomes, endereços e documentos, que, segundo ele, levariam à descoberta do esquema de fraude. A reportagem  do JT confirmou indícios de que duas empresas seriam fantasmas: a Carsena Representação Comercial e a CJM - Representação Comercial de Gêneros Alimentícios e Refeições Prontas. Seus endereços na Junta Comercial eram frios.

À época, o MPE já investigava a Coan e as demais fornecedoras de merenda da capital. E descobriu, por exemplo, que a CJM havia mudado do endereço falso na R. Barão de Itapetininga, no centro de São Paulo, para outro lugar inexistente em Belo Horizonte.

O acesso a papéis da Coan confirmou denúncia de que ela fazia pagamentos a empresas que nada lhe forneciam. Entre setembro e dezembro de 2007, R$ 900 mil entraram nas contas da Carsena. Para se defender, o empresário Geraldo João Coan apresentou declaração em que assume que CJM e Carsena foram “utilizadas em transações que não correspondiam à efetiva prestação de serviço”. Ele alega que o objetivo era diminuir a base tributável do Imposto de Renda e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido.Jornal da Tarde

Além da Prefeitura, a Coan atua em mais 20 municípios paulistas, hospitais e presídios do Estado.

CRONOLOGIA

FEVEREIRO

O Ministério Público anuncia investigação sobre fornecedoras de merenda da rede municipal

JULHO

A Prefeitura faz nova licitação para fornecimento de merenda. Oito dos 14 lotes ficam nas mãos das empresas sob suspeita

AGOSTO

MP propõe ação contra terceirização, mas Justiça nega pedido

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