A menos de seis meses do prazo máximo para que agentes públicos que planejam concorrer nas eleições de 2010 deixem seus cargos, a Esplanada dos Ministérios pode sofrer uma debandada de até 43% dos chefes das pastas. Dos 37 ministros de Estado, 16 têm claras ambições eleitorais e pretendem se arriscar nas disputas por cadeiras no Congresso, em assembleias legislativas, nos governos estaduais e na presidência da República.
Além da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, provável candidata à sucessão do Presidente Lula no Palácio do Planalto, almejam se lançar na corrida pelos governos estaduais os ministros Hélio Costa (Comunicações), Henrique Meirelles (Banco Central), Tarso Genro (Justiça), Patrus Ananias (Desenvolvimento Social), Edison Lobão (Minas e Energia), Geddel Vieira Lima (Integração Nacional) e Alfredo Nascimento (Transportes).
O pleito de 2010 trará ainda situações inusitadas, como a disputa entre dois integrantes do governo - Hélio Costa e Patrus Ananias - pelo mesmo cargo, o de governador de Minas Gerais, além da condição inédita de um chefe da autoridade monetária se filiar a um partido político, ainda como presidente do BC, para concorrer a um cargo eletivo.
Têm a Câmara dos Deputados e o Senado como alvos, por sua vez, os ministros Reinhold Stephanes (Agricultura), Paulo Bernardo (Planejamento), José Pimentel (Previdência) e Edson Santos (Igualdade Racial). Todos eles têm até o início de abril para deixar seus cargos no governo.
Sem admitir qualquer pretensão eleitoral no momento, o ministro da Educação, Fernando Haddad, e Celso Amorim, de Relações Exteriores, poderiam engrossar a lista de integrantes do primeiro escalão federal dispostos a enfrentar as urnas em outubro de 2010.
Durante o ano, o próprio Lula já tentou emplacar Haddad como uma possibilidade no pleito de São Paulo, mas a absolvição do deputado Antonio Palocci pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e a possibilidade de Ciro Gomes (PSB) desistir da corrida presidencial em prol de ser o candidato governista ao Palácio dos Bandeirantes tirou peso do ministro da Educação como um nome viável ao governo de São Paulo.
Em reunião com todos os ministros do governo, o próprio Lula já anunciou que pretende evitar que a poucos meses das eleições majoritárias tenha de administrar mais uma disputa de aliados por cargos públicos. A ideia é que os secretários-executivos assumam a responsabilidade pelas pastas assim que os titulares deixarem seus postos. Apesar da alternativa burocrática, dificilmente ela poderá ser colocada em prática na íntegra.
Pelo menos em dois casos emblemáticos, na Casa Civil e no Banco Central, a escolha pelos subordinados diretos dos ministros-candidatos não deve ser viabilizada. Braço direito de Dilma, Erenice Guerra enfrenta resistências do PT por ter tido seu nome vinculado ao episódio de confecção de um suposto dossiê com dados confidenciais do governo Fernando Henrique Cardoso. No caso do BC, o temor é o de que nomear um dos diretores como presidente possa não ser bem recebido pelo mercado.
Também há outros ministérios com problemas sucessórios, como o do Desenvolvimento Social, responsável pelo programa Bolsa Família. A substituta direta de Patrus Ananias, Arlete Sampaio, deve disputar eleição pelo PT do Distrito Federal. Na Agricultura, por sua vez, o PMDB ligado à Câmara dos Deputados exige manter uma indicação, ainda que Reinhold Stephanes deixe o cargo em busca de uma reeleição como parlamentar.
Em sentido contrário, entre os secretários-executivos praticamente garantidos como ministros no ano eleitoral estão Carlos Eduardo Gabas (Previdência), Márcio Zimmermann (Minas e Energia) e Paulo Sérgio Passos (Transportes).Terra
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