A economia brasileira sai da crise internacional, em termos relativos, mais forte do que entrou, disse nesta segunda-feira (10) à Agência Brasil, o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, na Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).
“E, nesse aspecto, o Brasil entra e sai da crise sem deteriorar suas condições monetária e financeira. Entra com a estrutura organizada e preparado para crescer. E, ainda, com margem de manobra, caso haja qualquer recaída nessa trajetória. Temos ainda poder de fogo. Isso é muito importante porque dá maior consistência na trajetória de recuperação”, afirmou.
De acordo com os analistas do próprio banco divulgado no Boletim Focus, a perspectiva é de crescimento de 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma das riquezas produzidas no país, em 2010, embora alguns analistas internacionais apostem em aumento do PIB de até 4% no próximo ano, “ou acima disso”, disse Meirelles.
Para Meirelles, o Brasil tem condições de sair da crise crescendo e, ao contrário do que ocorreu no passado, sem ameaças de desequilíbrios no balanço de pagamentos e de inflação. Ele voltou a dizer que “a crise é séria e grave, e atingiu fortemente o Brasil”, mas garantiu que as medidas adotadas pelo governo nas áreas fiscal e monetária foram eficazes e atuaram na raiz do problema, que era a questão de liquidez nos diversos mercados.
Segundo afirmou o presidente do BC, as medidas foram adotadas no momento adequado. “Portanto, um movimento bem orquestrado. Por isso, o Brasil é considerado hoje um país modelo na sua estratégia de enfrentamento da crise, apesar de sujeito a muitas críticas”, disse se referindo aos que defendiam que movimentos “desesperados ou precipitados” poderiam produzir melhor efeito. Reiterou, entretanto, que “o remédio tem que ser tomado na hora certa e ser eficaz”.
Meirelles reafirmou que o Brasil entrou na crise mais preparado, com US$ 205 bilhões em reservas internacionais e mostrando crescimento do PIB de 6,8% no terceiro trimestre do ano passado, em comparação ao mesmo período de 2007. O país registrou ainda um forte movimento de ascensão social e possui hoje 51% da população na classe média.
O presidente do BC também falou de que os investimento de um modo geral começam ao voltar em função da economia já apresentar sinais de estabilização. “Estabilização da economia significa investimento”, disse ao destacar que o empresário, ao contrário do que acreditam alguns, não é movido por entusiasmo, mas se baseia em previsões de crescimento. “A base é a previsibilidade. Quanto mais previsível o futuro, mais haverá investimentos”, afirmou.
Meirelles lembrou ainda que uma das medidas adotadas para auxiliar o mercado de crédito brasileiro foi a redução do depósito compulsório. No início da crise, foram liberados R$ 100 bilhões, dos quais R$ 41,8 bilhões para os bancos pequenos e médios. Hoje, os depósitos compulsórios no BC se aproximam de R$ 180 bilhões. “O Banco Central está numa posição sólida para enfrentar qualquer crise de liquidez no sistema”, disse.
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