terça-feira, 7 de julho de 2009

Yeda é acusada de ser beneficiária direta de caixa 2


O inferno astral da governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB), que desde 2007 enfrenta sucessivas acusações de corrupção a partir da apuração pela Polícia Federal de desvios milionários no Departamento de Trânsito do Estado (Detran), parece não ter fim. Agora, em nova leva de denúncias publicada ontem pelo jornal "Zero Hora", ela é apontada como beneficiária direta de doações para o caixa 2 da campanha de 2006, que foi usado para pagamento de suas despesas pessoais, e depois, já durante o governo, da cobrança de propina no caso Detran.

As acusações fazem parte de um depoimento feito por Lair Ferst, que se apresenta como um dos coordenadores da campanha da tucana em 2006, ao Ministério Público Federal no Estado e encaminhado em abril ao então procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza. O advogado de Ferst, Lúcio de Constantino, disse que não tinha "condições" de atestar a autenticidade do documento, mas garantiu que seu cliente, que já é processado no caso Detran, está à disposição da Justiça ou de uma eventual Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para esclarecer os fatos.

A governadora passou a manhã reunida com secretários e não falou sobre o assunto, mas à tarde o Palácio Piratini (sede do governo) divulgou nota oficial afirmando que "não há nada de novo" nas acusações.

Conforme as novas denúncias, "esse sistema de caixa 2 continua no governo até hoje" e Yeda teria também pago R$ 1 milhão, e não R$ 750 mil, como ela afirmou, pela casa que comprou em Porto Alegre depois da eleição. A diferença de R$ 250 mil teria sido paga "por fora". Na nota, o Palácio do Piratini afirma que a aquisição já foi examinada pelo Ministério Público Estadual, "que determinou o arquivamento da investigação", e que o governo "reafirma sua obrigação de responsabilizar os que na ânsia de atacar e agredir, afrontam a verdade e violentam a imagem de pessoas e instituições".

As acusações animaram a oposição na busca das duas assinaturas que faltam para instalar uma CPI contra o governo na Assembléia Legislativa. Desde o dia 12 de maio 17 parlamentares do PT, PDT, PSB, PCdoB e DEM (do vice-governador Paulo Afonso Feijó, desafeto de Yeda) assinaram o requerimento. Agora, os petistas, que propuseram a comissão, têm esperança em atrair os três deputados restantes do PDT, além de integrantes das bancadas do PMDB e do PTB, mas até ontem nenhum deles tinha sinalizado com adesão.

O PSOL, que em fevereiro havia feito denúncias semelhantes às divulgadas ontem, anunciou que vai pedir à Justiça Federal de Santa Maria, onde tramita o processo sobre os desvios no Detran, o bloqueio dos bens da governadora e do marido dela, Carlos Crusius, acusado de ficar com parte do dinheiro do caixa 2, além de Delson Martini, ex-secretário do governo citado como encarregado de arrecadar as propinas.


O MPF não confirmou nem desmentiu a autenticidade dos documentos atribuídos a Ferst. Em nota, a instituição afirmou que "a divulgação de dados sigilosos sob investigação, além de ser crime, perturba e dificulta a apuração dos fatos e a colheita de elementos de prova a subsidiar as ações do MPF, em juízo ou fora dele, gerando, além de risco a pessoas, impunidade".

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