A Petrobrás fechará amanhã um contrato com a estatal turca TPAO para prospecção de petróleo e gás natural do Mar Negro, mas já com os olhos voltados ao Iraque. O acordo está na pauta da visita que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva iniciou ontem à Turquia. O Brasil ainda quer um acordo no setor de defesa com o país estratégico na região, membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). O governo turco estima que o modesto comércio entre os dois países pode se multiplicar por cinco até 2013 e atingir US$ 10 bilhões.
A visita de Lula é a última etapa em sua turnê que incluiu Arábia Saudita e China. Como resultado, a agência saudita de investimentos desembarcará na semana que vem no Brasil para avaliar investimentos no setor agropecuário.
Já o principal acordo com os turcos será uma parceria de US$ 830 milhões entre as estatais de energia dos dois países para explorar uma das últimas fronteiras do Mar Negro. A Petrobrás é a segunda empresa internacional a ganhar acesso à região. A outra foi a Exxon. Acordos com a Chevron e a alemã RWE fracassaram.
A Turquia estima que suas reservas chegam a 10 bilhões de barris, além de 1,5 trilhão de metros cúbicos de gás natural. O acordo prevê a entrega de duas dragas para perfuração de águas profundas. A produção começaria apenas em 2015.
Mas o acordo ainda estabelece uma estratégia para que as duas empresas atuem de forma conjunta em terceiros países. A alta cúpula do Itamaraty não esconde que um dos objetivos da Petrobrás é se aproximar das grandes reservas, entre elas a do Iraque.
Para a chancelaria, o acordo é conveniente. De um lado, garante a tecnologia da Petrobrás para a Turquia. De outro, garante à empresa brasileira o acesso político dos turcos à região. Na semana passada, a TPAO anunciou a criação de três consórcios para disputar reservas de petróleo no Iraque, que dispõe de algumas das maiores reservas de petróleo do mundo. A projeção é de que o volume chegue a 180 bilhões de barris.
Em 1980, o governo de Saddam Hussein cancelou o contrato com a Braspetro, após a companhia ter descoberto dois campos de petróleo no Iraque que estão entre os maiores do planeta. Neste ano, Bagdá já propôs à Petrobrás a construção de uma refinaria e a reabertura do debate para a volta da empresa.
O presidente turco, Abdullah Gul, também destacou a importância do acordo em nota emitida ontem.
DEFESA
Outra proposta feita ontem por Lula ao primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Ergodan, foi uma aliança entre a Embraer e a indústria local de defesa. O Brasil quer cooperação para fabricar um novo avião cargueiro, que irá substituir o Hércules. A Embraer perdeu para os coreanos a licitação do governo turco para a compra de jatos militares. "Mas temos esperanças de voltar", disse o chanceler Celso Amorim. Para ele, o setor da aviação é o mais promissor, inclusive para a venda de jatos civis.
Ontem, o encontro de Lula com Ergodan durou menos de 30 minutos. Segundo Amorim, os temas comerciais dominaram a agenda. Amanhã, o encontro será entre 35 executivos brasileiros e turcos.
Pelos dados turcos, o comércio bilateral é de US$ 2 bilhões por ano. Já o Brasil calcula US$ 1,3 bilhão. Amorim aponta que, apesar da diferença, 2008, foi um ano recorde. "O volume triplicou em cinco anos", disse. Mas ainda são muito baixos. A Turquia é o 51º destino dos bens brasileiros, consumindo 0,3% das exportações. Mas é a sexta maior economia da Europa e a 20ª maior do mundo.
Para Ergodan, o comércio pode aumentar para US$ 10 bilhões em quatro ou cinco anos.
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