quarta-feira, 13 de maio de 2009

Lula apresenta Dilma aos sindicalistas do ABC


O Presidente Lula aproveitou a comemoração do aniversário de 50 anos do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC na terça-feira à noite para apresentar a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) à sua base política histórica.

A plateia de veteranos do movimento sindical recebeu a ministra com um buquê de lírios, demonstrou solidariedade e ainda cantarolou "Olê, olê, olá, Dilma, Dilma", parafraseando o slogan popular que marcou as campanhas eleitorais de Lula à Presidência em 2002 e 2006.

"Queremos dar a nossa solidariedade à grande companheira que está passando por um momento difícil. Estamos juntos nesta luta", disse o mestre de cerimônias da noite no salão do sindicato, em São Bernardo do Campo, região do ABC paulista.

Atual presidente da entidade, Sergio Nobre citou a continuidade, ao referir-se à candidata escolhida por Lula para sucedê-lo.

"As flores que entregamos para você (Dilma) têm um significado. Porque nós somos uma categoria guerreira, e um guerreiro reconhece outro. Então a gente sabe que você é guerreira e estamos juntos na sua luta para superar todos os problemas porque a continuidade dessa história depende muito de você", afirmou Nobre, sem mencionar, como os demais, o tratamento de um câncer linfático a que a ministra está se submetendo.

Luiz Marinho, ex-presidente da entidade, duas vezes ministro de Lula e atual prefeito de São Bernardo pelo PT, referiu-se a Dilma como tendo a tarefa de "conduzir o futuro deste país".

Em meio à receptividade, um ex-presidente do sindicato, Paulo Vidal, pediu desculpas a Dilma e disse que o destino do presidente Lula deveria ser "repensado", em uma menção indireta a um possível terceiro mandato.

Em seu discurso, Dilma identificou as greves históricas dos metalúrgicos realizadas no final dos anos 1970 e começo dos anos 1980, que desafiaram a ditadura militar (1964-1985), com o que chamou de reconquista das liberdades democráticas.

"A capacidade de mobilização deste sindicato teve peso decisivo contra a ditadura e em defesa do regime democrático", disse aos cerca de 400 presentes.

Dilma também procurou identificar os principais programas sociais do governo Lula com a base dos trabalhadores do ABC. "Se hoje nós somos capazes de produzir um programa como o Bolsa Família, o Programa de Aceleração do Crescimento, fazer o Luz para Todos e apostar no Minha Casa, Minha Vida... nós devemos a essa luta histórica que um dia começou aqui no sindicato de São Bernardo", afirmou.

Último a discursar, coube a Lula citar a prisão da ministra entre 1970 e 1973 por participação em movimentos de esquerda que atuavam contra a ditadura.

"Uma menina com 20 anos que acreditava na utopia e que os militares estavam fazendo mal para o país e queria democraticamente chegar ao poder -- não muito democraticamente. E foi torturada", relatou. Contou ainda que Dilma não guarda mágoa nem rancor com a prisão, acreditando que foi "um processo, passou".

Aos sindicalistas, Lula, presidente do sindicato entre 1975 e 1980, quando liderou as greves precursoras do movimento sindical moderno, preferiu dar um puxão de orelhas.

"Quantos dirigentes sindicais dão importância para a organização dentro de fábrica? Quantos? Porque tem muito dirigente que não quer que a peãozada se organize na fábrica, porque peão organizado vira politizado, começa a ter consciência e quer ocupar o lugar do dirigente", criticou.

Procurou ainda demonstrar que continua sendo um deles. "Nunca deixei de pertencer a este sindicato... Quando estou dormindo no (palácio da) Alvorada penso que tenho que ir à porta de uma fábrica fazer uma assembleiazinha."

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