terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Ex-presidente marca posição contra tucano com apoio à ministra


Menos de um ano depois de terem travado uma intensa batalha política para nomear cargos no setor elétrico - o auge da disputa aconteceu em relação à presidência da Eletrobrás - a chefe da Casa Civil, ministra Dilma Rousseff, e o senador José Sarney (PMDB-AP), parecem amigos de longa data. Dilma tem uma ótima relação com o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, apadrinhado de Sarney. E o senador pemedebista tem elogiado, em privado e em público, a candidata preferencial do Presidente Lula à Presidência da República em 2010.

O capítulo mais recente aconteceu em dezembro, quando, durante inauguração do trecho Araguaína da Ferrovia Norte-Sul, em Colinas (TO), Sarney classificou a ministra de "sacerdotisa do serviço público". Relembrando a própria trajetória pública, iniciada há mais de 40 anos anos, o senador afirmou, categórico. "Estive em praticamente todos os cargos da República e poucas vezes vi alguém tão dedicado à causa pública, tão estudioso dos problemas do Brasil quanto Dilma. Ela tem prestado bons serviços e vai prestar muitos mais", disse ele.

Esse casamento começou a ser construído no ano passado. Dilma sempre teve uma boa relação com a líder do governo no Congresso, Roseana Sarney (PMDB-MA). Nos jantares que Roseana oferecia em sua casa para os ministros, a chefe da Casa Civil, sempre que possível, fazia questão de estar presente. Contudo, nunca foi próxima de Sarney. O caminho dos dois começou a se encontrar com mais intensidade quando da saída de Silas Rondeau (indicado por Sarney) do Ministério de Minas e Energia e a escolha do petista Nelson Hübner (ligado a Dilma) como interino.

A vaga, bem como todas as demais ligadas ao setor elétrico, passou a ser alvo de cobiça do PMDB. Incomodada, Dilma insistia que, em um setor tão sensível, os indicados deveriam ter perfil técnico.

Pessoas ligadas à ambas as partes lembram que o senador do PMDB conversou, diversas vezes, com Dilma, técnica experiente , orientando-a no relacionamento com o Congresso, especialmente com a oposição. "Era como se ele dissesse: calma, nós já passamos por isso", recorda alguém próximo ao senador.

O respeito mútuo intensificou-se a partir deste momento. "Ele é um aliado de Lula e, sabendo que Dilma é uma das principais companheiras do Presidente, é natural essa aproximação", declarou um ministro. Outro auxiliar próximo do presidente vê os movimentos políticos de Sarney sob um prisma mais amplo. "Além de valorizar Dilma, o senador posiciona-se claramente contra a candidatura José Serra (PSDB), desafeto desde o caso Lunus (operação da Polícia Federal)", que abortou a candidatura de Roseana Sarney à Presidência da República em 2002.

Para Dilma, essa parceria também é benéfica. A relação entre Sarney e Lula extrapola os limites da política. De acordo com um ministro com gabinete no Planalto, "uma relação entre presidentes da República é sempre de alto nível". Mas em relação à Dilma, as pazes são uma garantia de entrosamento com uma ala do PMDB que foi tão importante ao longo de todo o mandato de Lula.

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