Eleições 2010
Predileta de Lula, Dilma percorrerá o país numa maratona de inaugurações de obras e programas sociais nos próximos dois anos.
O ex-prefeito de Diadema (SP) Fillipi é peça-chave na organização da campanha presidencial de 2010.
À caça de votos para Dilma
Sem admitir publicamente, governo traça estratégia de candidatura da ministra da Casa Civil ao Palácio do Planalto. Aliados começam a preparar palanques e apoios destinados à “mãe do PAC”
Daniel PereiraDa equipe do Correio Braziliense
Domingos Tadeu/PR - 12/1/09
A discussão sobre a eleição presidencial em 2009 só interessa à oposição, diz o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. É muito cedo para traçar estratégias relacionadas à sucessão, reforça o ministro de Relações Institucionais, José Múcio Monteiro. Apesar dos discursos oficiais proferidos em público, o governo trabalha a pleno vapor a candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, ao Palácio do Planalto em 2010. Além de prepararem um cardápio de obras a serem inauguradas pela “mãe do PAC” nos próximos dois anos, ministros e assessores de Lula operam em outras duas frentes. Uma delas é a definição dos discursos que serão apresentados ao eleitorado a fim de atrair votos para Dilma, que ainda não entrou na casa dos dois dígitos nas pesquisas de intenção de voto. Em outro flanco, já começou a escalação de aliados que terão a missão de garimpar apoios e consolidar palanques para a ministra Brasil afora. Por enquanto, o grupo é formado basicamente por petistas cujos mandatos de prefeito acabaram em 31 de dezembro. Uma das estrelas do plantel é José de Fillipi Júnior, ex-prefeito de Diadema (SP) e tesoureiro da campanha de Lula à re-eleição em 2006. Mulher brasileira Um dos discursos entoados na luta por votos já é conhecido. Trata-se de reforçar a imagem de “gestora eficiente” criada pelo presidente da República ao se referir a Dilma. Por isso, Lula pressiona os auxiliares a acelerarem os investimentos previstos em infraestrutura e nos programas sociais. Ele não quer que a crise interrompa o ritmo crescente de desembolsos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o que poderia dar à oposição a oportunidade de mudar a alcunha de Dilma de “mãe” para “madrasta” do PAC. Ao pisar no acelerador, o presidente também pretende evitar que uma desaceleração acentuada na economia reduza o nível recorde de aprovação popular do governo. “Temos um grande desafio pela frente”, diz um ministro com gabinete no Palácio do Planalto, ressaltando que cabe a Dilma justificar a fama de “gerentona” numa conjuntura de escassez de recursos e de suspensão de projetos pela iniciativa privada. Já outro ministro — com mais acesso ao gabinete presidencial do que o anterior — avisa que o governo defenderá a tese de que já é hora de uma mulher comandar o país, como ocorre com Michelle Bachelet, no Chile, e Cristina Kirchner, na Argentina. “O fato de ser mulher terá um peso muito importante simbolicamente”, afirma o ministro. “Para o bem e para o mal”, acrescenta, demonstrando certa preocupação com a possibilidade de o preconceito, ou o machismo, implicar perda de votos. Para esse ministro, no entanto, a próxima eleição presidencial será principalmente um confronto entre dois modelos. Ou, ainda, se resumirá a uma pergunta: qual caminho o país deve seguir, o trilhado por Lula ou o percorrido pelos tucanos? Otimista, o ministro aposta que o eleitorado tende a optar pela primeira opção. Por isso, a ordem é estimulá-lo a votar no “quadro mais qualificado do governo” para acelerar os supostos avanços em curso. “Não será mais do mesmo. Será manter o mesmo rumo, mas acentuar as conquistas, o crescimento com inclusão social.” Conforme antecipado pelo Correio no último domingo, o governo planeja inaugurar 257 obras este ano, média de uma a cada 1,4 dia. Do total, 157 são relativas ao PAC. A centena restante é de escolas técnicas. A ideia é aproveitar as solenidades para tornar Dilma mais conhecida. “Ela circulará pelos estados, percorrerá o país”, declara um assessor do presidente. Levando-se em conta a mais recente pesquisa Datafolha sobre sucessão presidencial, a ministra terá uma longa jornada pela frente.
Daniel PereiraDa equipe do Correio Braziliense
Domingos Tadeu/PR - 12/1/09
A discussão sobre a eleição presidencial em 2009 só interessa à oposição, diz o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. É muito cedo para traçar estratégias relacionadas à sucessão, reforça o ministro de Relações Institucionais, José Múcio Monteiro. Apesar dos discursos oficiais proferidos em público, o governo trabalha a pleno vapor a candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, ao Palácio do Planalto em 2010. Além de prepararem um cardápio de obras a serem inauguradas pela “mãe do PAC” nos próximos dois anos, ministros e assessores de Lula operam em outras duas frentes. Uma delas é a definição dos discursos que serão apresentados ao eleitorado a fim de atrair votos para Dilma, que ainda não entrou na casa dos dois dígitos nas pesquisas de intenção de voto. Em outro flanco, já começou a escalação de aliados que terão a missão de garimpar apoios e consolidar palanques para a ministra Brasil afora. Por enquanto, o grupo é formado basicamente por petistas cujos mandatos de prefeito acabaram em 31 de dezembro. Uma das estrelas do plantel é José de Fillipi Júnior, ex-prefeito de Diadema (SP) e tesoureiro da campanha de Lula à re-eleição em 2006. Mulher brasileira Um dos discursos entoados na luta por votos já é conhecido. Trata-se de reforçar a imagem de “gestora eficiente” criada pelo presidente da República ao se referir a Dilma. Por isso, Lula pressiona os auxiliares a acelerarem os investimentos previstos em infraestrutura e nos programas sociais. Ele não quer que a crise interrompa o ritmo crescente de desembolsos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o que poderia dar à oposição a oportunidade de mudar a alcunha de Dilma de “mãe” para “madrasta” do PAC. Ao pisar no acelerador, o presidente também pretende evitar que uma desaceleração acentuada na economia reduza o nível recorde de aprovação popular do governo. “Temos um grande desafio pela frente”, diz um ministro com gabinete no Palácio do Planalto, ressaltando que cabe a Dilma justificar a fama de “gerentona” numa conjuntura de escassez de recursos e de suspensão de projetos pela iniciativa privada. Já outro ministro — com mais acesso ao gabinete presidencial do que o anterior — avisa que o governo defenderá a tese de que já é hora de uma mulher comandar o país, como ocorre com Michelle Bachelet, no Chile, e Cristina Kirchner, na Argentina. “O fato de ser mulher terá um peso muito importante simbolicamente”, afirma o ministro. “Para o bem e para o mal”, acrescenta, demonstrando certa preocupação com a possibilidade de o preconceito, ou o machismo, implicar perda de votos. Para esse ministro, no entanto, a próxima eleição presidencial será principalmente um confronto entre dois modelos. Ou, ainda, se resumirá a uma pergunta: qual caminho o país deve seguir, o trilhado por Lula ou o percorrido pelos tucanos? Otimista, o ministro aposta que o eleitorado tende a optar pela primeira opção. Por isso, a ordem é estimulá-lo a votar no “quadro mais qualificado do governo” para acelerar os supostos avanços em curso. “Não será mais do mesmo. Será manter o mesmo rumo, mas acentuar as conquistas, o crescimento com inclusão social.” Conforme antecipado pelo Correio no último domingo, o governo planeja inaugurar 257 obras este ano, média de uma a cada 1,4 dia. Do total, 157 são relativas ao PAC. A centena restante é de escolas técnicas. A ideia é aproveitar as solenidades para tornar Dilma mais conhecida. “Ela circulará pelos estados, percorrerá o país”, declara um assessor do presidente. Levando-se em conta a mais recente pesquisa Datafolha sobre sucessão presidencial, a ministra terá uma longa jornada pela frente.
De prefeitos a cabos eleitorais
Givaldo Barbosa/Agência O Globo - 5/7/06
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não pretende acomodar ex-prefeitos petistas no ministério. Com exceção de Fernando Pimentel, que governou Belo Horizonte até dezembro e pode assumir a Secretaria Executiva do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), Lula quer os correligionários envolvidos na organização da campanha presidencial da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Ex-prefeito de Diadema e tesoureiro da campanha à re-eleição de Lula em 2006, José de Fillipi Júnior já foi sondado para participar da missão. Ele pode fazer uma ponte importante, por exemplo, com os empresários. Os ex-prefeitos Elói Pietá (Guarulhos) e Edinho Silva (Araraquara) também foram convocados. Segundo assessores do presidente, aceitarão o trabalho de bom grado porque, ajudando Dilma, também ganham fôlego para concretizar seus próprios projetos políticos. Trata-se de um acordo de mão dupla, ressalta um ministro. A conversa já foi iniciada com os três petistas porque São Paulo é o maior colégio eleitoral do país e está sob a batuta tucana desde 1995. Além disso, o atual governador paulista, José Serra (PSDB), lidera as pesquisas de intenção de voto para 2010. Ex-prefeito do Recife, João Paulo Lima também ajudará, nos próximos dois anos, a campanha de Dilma. Desde o início do segundo mandato, Lula costura, de forma paciente, a candidatura da ministra. Convocou o marqueteiro João Santana, com quem trabalhou nas eleições de 2006, para ajudar no visual e no discurso da auxiliar. Depois, orientou articuladores políticos do governo a aproximá-la de líderes de partidos, sobretudo do PMDB e das siglas integrantes do chamado Bloco de Esquerda. A ofensiva presidencial minou as resistências no PT, pelo menos as divulgadas publicamente, ao nome de Dilma. E se refletiu, na virada do ano, no comportamento e no rosto da “mãe do PAC”. Primeiro, ela abandonou os óculos em cerimônias públicas. Agora, circula pelo Planalto e em eventos oficiais rejuvenescida por uma plástica facial, que rendeu elogios e galanteios — sempre respeitosos — nos bastidores. (DP)
Givaldo Barbosa/Agência O Globo - 5/7/06
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não pretende acomodar ex-prefeitos petistas no ministério. Com exceção de Fernando Pimentel, que governou Belo Horizonte até dezembro e pode assumir a Secretaria Executiva do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), Lula quer os correligionários envolvidos na organização da campanha presidencial da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Ex-prefeito de Diadema e tesoureiro da campanha à re-eleição de Lula em 2006, José de Fillipi Júnior já foi sondado para participar da missão. Ele pode fazer uma ponte importante, por exemplo, com os empresários. Os ex-prefeitos Elói Pietá (Guarulhos) e Edinho Silva (Araraquara) também foram convocados. Segundo assessores do presidente, aceitarão o trabalho de bom grado porque, ajudando Dilma, também ganham fôlego para concretizar seus próprios projetos políticos. Trata-se de um acordo de mão dupla, ressalta um ministro. A conversa já foi iniciada com os três petistas porque São Paulo é o maior colégio eleitoral do país e está sob a batuta tucana desde 1995. Além disso, o atual governador paulista, José Serra (PSDB), lidera as pesquisas de intenção de voto para 2010. Ex-prefeito do Recife, João Paulo Lima também ajudará, nos próximos dois anos, a campanha de Dilma. Desde o início do segundo mandato, Lula costura, de forma paciente, a candidatura da ministra. Convocou o marqueteiro João Santana, com quem trabalhou nas eleições de 2006, para ajudar no visual e no discurso da auxiliar. Depois, orientou articuladores políticos do governo a aproximá-la de líderes de partidos, sobretudo do PMDB e das siglas integrantes do chamado Bloco de Esquerda. A ofensiva presidencial minou as resistências no PT, pelo menos as divulgadas publicamente, ao nome de Dilma. E se refletiu, na virada do ano, no comportamento e no rosto da “mãe do PAC”. Primeiro, ela abandonou os óculos em cerimônias públicas. Agora, circula pelo Planalto e em eventos oficiais rejuvenescida por uma plástica facial, que rendeu elogios e galanteios — sempre respeitosos — nos bastidores. (DP)
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