terça-feira, 15 de julho de 2008

Pressionado, delegado deixa comando da operação Satiagraha


Atacado pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, e desprestigiado pelos superiores, que o acusam de excesso de individualismo, o delegado da Polícia Federal (PF) Protógenes Queiroz não resistiu às pressões e afastou-se do comando da Operação Satiagraha. A saída dele do caso foi acertada em uma reunião, na segunda à noite, na Superintendência da Polícia Federal (PF) em São Paulo, entre ele, o delegado Jáber Saadi - seu superior imediato - e o diretor da Divisão de Combate ao Crime Organizado, Roberto Troncon Filho, emissário da Direção-Geral da PF, situada em Brasília.

A Direção da PF confirmou o afastamento de Protógenes, mas alegou que a saída foi "a pedido" do próprio delegado, e não uma punição em decorrência da sua suposta insubordinação. O substituto será designado provavelmente nesta quinta. Por meio da assessoria, a PF informou que desconhece a saída de dois auxiliares de Protógenes - os delegados Karina Marakemi Souza e Carlos Eduardo Pellegrini. A PF negou que haja uma rebelião na equipe que participou da Operação Satiagraha, responsável pela prisão do banqueiro Daniel Dantas, do investidor Naji Nahas e do ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta.

Segundo a assessoria da PF, Protógenes alegou na reunião, que faz, desde março, o Curso Superior de Polícia a distância - e que, na próxima segunda-feira, começam as aulas presenciais, por 30 dias. De acordo com essa versão, Protógenes disse a Troncon que não deseja voltar a atuar no caso após concluir o curso e pediu que lhe sejam atribuídas novas funções.

Nos bastidores, porém, o delegado tem-se queixado de que vem sofrendo boicote sistemático na instituição desde que o atual diretor-geral, Luiz Fernando Corrêa, tomou posse no cargo, em setembro passado, no lugar do delegado Paulo Lacerda, que foi deslocado para a Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

Acusado de não ter dado satisfações da operação aos superiores, de agir com excesso de individualismo e de recorrer irregularmente ao auxílio da Abin, entre outros "desvios", Protógenes é alvo de uma sindicância administrativa e uma representação na Corregedoria da PF, que lhe podem render desde advertência a remoção para um lugar remoto ou mesmo um processo de demissão.


Perfil

O delegado já havia atuado em outros escândalos de grande repercussão antes de comandar a operação Satiagraha, que prendeu, além de Dantas, o empresário Naji Nahas e o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta.

As investigações do caso Corinthians/MSI , por evasão de divisas e lavagem de dinheiro, estiveram sob coordenação de Protógenes Queiroz, em parceria com a Promotoria de São Paulo. Os envolvidos nas fraudes da arbitragem do futebol Brasileiro, em 2005, foram investigados por ele e pelos promotores Roberto Porto e José Reinaldo Guimarães Carneiro, do Gaeco.

O delegado também presidiu o inquérito sobre remessas para paraísos fiscais, que indicavam movimentações de cerca de US$ 5 milhões, das quais o ex-prefeito Pitta seria o principal beneficiário. O ex-prefeito Paulo Maluf (PP) também foi investigado no mesmo inquérito.

Relatório elaborado por Protógenes fechou inquérito sobre desvio de dinheiro da Prefeitura de São Paulo, concluindo que "os cofres públicos foram pilhados" durante os governos de Maluf (1993-96) e Pitta (1997-2000).

Ele também participou do escândalo que prendeu o comerciante Law Kin Chong, considerado o maior contrabandista do País. Kin Chong estava disposto a pagar US$ 1,5 milhão ao presidente da CPI, deputado Luiz Antônio Medeiros (PL-SP) para obter favores, mas suas conversas foram registradas.


Com base nas gravações nas mãos, o deputado procurou o delegado federal Protógenes Queiroz e o procurador da República Pedro Barbosa Pereira Neto. Eles relataram o caso ao juiz federal Hélio Egydio, que decretou nas prisões preventivas de Law e do advogado.

Um comentário:

  1. Vejam se não é isso o que vai acontecer...
    Colhida em Recife esses versos da Literatura de Cordel
    *Autor: Edmar Melo*


    Nunca vi na minha vida
    Delegado ser punido
    Porque prendeu gente pobre
    Nada obstante bandido
    Mas com rico aconteceu
    Depois que se reverteu
    Caso sério em alarido
    Na operação Satiagraha
    Da Polícia Federal
    Prenderam um peixe graúdo
    Um mensageiro do mal
    O mundo quase acabou
    E o homem que investigou
    É o único marginal
    Quem antes era acusado
    Hoje acusa o delegado
    Ganhou súmula vinculante
    Pra não ser mais algemado
    Estou pagando pra ver
    O "ter" suplantando o "ser"
    Nesse caso mal contado
    Pesa sobre o delegado
    Crime de usurpação
    Violação de sigilo
    E de prevaricação
    Só falta agora acusá-lo
    Que tudo que aqui falo
    É dele a inspiração
    Nessa inversão de conduta
    Já vejo dois condenados
    O juiz, Fausto De Sanctis
    E Protógenes, o delegado
    Vez que o astuto banqueiro
    Vai gastar um bom dinheiro
    Mas não vai ser enjaulado
    Tudo indicada que Protógenes
    É o primeiro culpado
    Junto com o juiz De Sanctis
    Deve ser sacrificado
    Até porque Daniel
    Só não vai entrar no Céu
    Mas vai ser canonizado
    A Justiça, embora cega
    Enxergou argueiro em rico
    Soprou no olho do mal
    Tirou tudo quanto é cisco
    É que o Ministro Gilmar
    Quando quer se superar
    Usa o plenário pra isso
    O Supremo decidiu
    Que o Gilmar tem razão
    O Ministro Marco Aurélio
    Foi a única dissensão
    Mas o espírito de corpo
    Corou até quem ta morto
    De tanta decepção

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