As pesquisas divulgadas pelo Ibope revelam uma aproximação do cenário eleitoral presidencial deste ano, cujos principais candidatos são Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB), com o resultado conferido nas urnas no primeiro turno de 2006, vencido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e que tinha em Geraldo Alckmin (PSDB) a mais relevante candidatura de oposição.
Alguns dos maiores colégios eleitorais, como Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, que juntos somam 41,5% do eleitorado brasileiro, apresentaram a distância entre as duas principais candidaturas em disputa semelhante à diferença entre Lula e Alckmin em 2006.
No Rio, a diferença de 20,3 pontos que as urnas demonstraram a favor de Lula em 2006 (49,1% a 28,8%), na pesquisa Ibope divulgada no fim de semana ficou em 19 pontos pró-Dilma (46% a 27%). Em Minas, Lula venceu Alckmin no primeiro turno em 2006 por 10,2 pontos na dianteira (50,8% a 40,6%). Agora, sua candidata derrotaria Serra, segundo o levantamento, por 44% a 32% - 12 pontos de diferença.
Em São Paulo, o cenário favorável ao PT é melhor do que o constatado há quatro anos, tendo em vista que a diferença entre a candidatura petista e tucana diminuiu nesse período. Alckmin, que em 2006 deixara o cargo de governador no fim de março para disputar o Palácio do Planalto, conseguiu seis meses depois bater Lula no primeiro turno por 54,1% a 36,7% - 17,4% pontos de diferença. Serra, que também deixou o cargo de governador para tentar a Presidência, ainda não conseguiu o mesmo patamar de seu antecessor e venceria Dilma hoje em seu Estado por uma diferença de 11 pontos: 44% a 33%.
Os dados da região Norte do país também confirmam que as eleições de 2010 podem vir a caminhar para um rumo semelhante ao de 2006 no primeiro turno. No Acre, Amapá, Amazonas, Rondônia, Roraima e Tocantins, as diferenças não aparecem tão próximas como nos Estados do Sudeste, embora haja semelhança no partido do vencedor. Onde Lula ganhou em 2006, Dilma está na frente, ao passo que nos lugares em que Alckmin venceu, Serra leva vantagem. O que mudou foi a diminuição da diferença nos Estados em que a oposição venceu em 2006.
Alckmin bateu Lula em Roraima (59,7% a 26,1%), Rondônia (47% a 45%) e Acre (51,7% a 42,6%). Somadas, as diferenças nas urnas entre os candidatos do PSDB e do PT alcançaram 44,7 pontos. Hoje, elas estão em 26 pontos: 42% a 37% em Roraima; 36% a 36% em Rondônia; e 38% a 17% no Acre.
No Amazonas e em Tocantins, vencidos por Lula em 2006, Dilma hoje está na frente. A diferença diminuiu no primeiro e aumentou no segundo. No Amazonas, Dilma venceria Serra por 68% a 16%, 52 pontos à frente. Lula bateu Alckmin ali por 78% a 12,4%, com 65,6 pontos de vantagem. Em Tocantins, a candidata petista venceria hoje por 53% a 27% (26 pontos de diferença), enquanto o presidente, em sua reeleição, venceu Alckmin por 58,6% a 37,6% (21 pontos de vantagem).
Em apenas dois dos doze Estados os números de 2010 não seguiram os de 2006. No Espírito Santo, o PT bateu o PSDB por 15,8 votos de distância no primeiro turno de 2006 (52,9% a 37,1%). Hoje, Dilma perderia para Serra por dois pontos, 38% a 36%. Isso a despeito de a coligação governista no Estado, representada pelo senador Renato Casagrande (PSB) e composta por 16 partidos, liderar com folga as pesquisas. A explicação pode vir das discussões sobre as divisões dos royalties do pré-sal, que tem em Dilma uma defensora de que os Estados não-produtores tenham participação nos lucros da exploração. O Estado, sendo produtor, é contrário. Casagrande é, no Senado, uma das vozes contrárias à mudança.
Outro Estado com mudança no posicionamento do eleitor até o momento é o Distrito Federal, que em 2006 deu vitória a Alckmin (44,1% a 37%) mas hoje a daria a Dilma (36% a 25%). Naquele ano, os votos do tucano foram impulsionados pela entrada na disputa de Maria de Lourdes Abadia (PSDB), que hoje concorre ao Senado. Os tucanos não têm candidatura própria ao governo.Valor Econômico
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