domingo, 12 de dezembro de 2010

Microcrédito deslancha no Brasil

Para acessar as ruelas da comunidade de Heliópolis, zona sul da capital paulista, há duas opções: a pé ou de moto. Na profissão há 12 anos, o agente de crédito Rafael Rey Rey, supremo conhecedor da maior favela de São Paulo, opta pela motocicleta e vai de porta em porta para oferecer empréstimo. Por dia ele fecha pelo menos dez contratos de microcrédito (nome dado ao empréstimo para pessoas de baixa renda). Os valores vão de R$ 300 a R$ 40 mil.

Sem comprovação de renda e residência, uma das condições para conseguir o dinheiro é responder a um longo questionário socioeconômico. Outra regra é ter um negócio dentro da comunidade há pelo menos seis meses. O empréstimo precisa ser aplicado no empreendimento, com o objetivo de melhorar a renda mensal das famílias da comunidade.

Essa modalidade de empréstimo existe no Brasil há décadas. Mas só neste ano a venda do produto ganhou corpo. Desde janeiro, o número de contratos mensais registrado pelos bancos supera 140 mil. Em 2009, não ultrapassava a barreira de 100 mil mensais. Levando-se em conta os anos anteriores, a quantidade de contratos nunca tinha passado de 80 mil, segundo dados do Banco Central.

Entre os grandes bancos, o que tem maior presença no microcrédito é o Santander. Na sequência, estão os estatais Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil. Depois vêm Itaú e Bradesco. O HSBC não trabalha com o produto. "O mercado nacional para o microcrédito é imenso. Hoje, menos de 10% da demanda potencial é atendida", comenta Lauro Gonzalez, coordenador do grupo de microfinanças da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Os motivos, segundo Gonzalez, são vários, mas o principal é a baixa taxa de juros cobrada na modalidade. Para empresários, a taxa máxima permitida por lei é de 4% ao ano. Há também o microcrédito para pessoas físicas. Essa opção deve ter taxa máxima de 2% ao ano. Santander e Bradesco não trabalham com a modalidade pessoa física.

Como o empréstimo precisa ser ofertado de porta em porta, além de outras características específicas como o contrato em conjunto (para que um cliente seja a garantia de pagamento do outro), o microcrédito é custoso. "Além disso, exige inovação, o que, muitas vezes, grandes bancos não conseguem fazer pelo tamanho da estrutura e preocupação com outros temas", completa o professor da FGV.

A inovação a que o professor se refere tem a ver com a dificuldade de entrar em comunidades e favelas e explicar à população, que em geral não é familiarizada com o tema, que o crédito é um produto disponível também para eles. "É um trabalho lento, de conquista da população", diz Andreia de Andrade, coordenadora da unidade de microcrédito do Santander em Heliópolis.

Sheila Fernandes Teixeira, de 48 anos, mora em Heliópolis desde 1977. "Quando eu cheguei aqui havia apenas três fileiras de barracos. Não era uma comunidade", conta. Há seis anos ela conheceu o microcrédito. "Nunca tinha ouvido falar. No começo dá receio, mas hoje já sei lidar bem com o empréstimo."

Seu agente de crédito é Rafael Rey Rey. "Tenho ele como um membro da família", emenda. Sheila já não sabe dizer quantos empréstimos fez. "O primeiro foi no valor de R$ 300 e o último, de R$ 40 mil", conta, salientando que só renova o contrato depois do término do pagamento do empréstimo anterior.

Seu primeiro negócio foi uma barraca de peixe na feira. "Hoje tenho um mercadinho que logo, logo vai virar um mercado bem maior", diz, sem esconder a empolgação. Com o último empréstimo, de R$ 40 mil, Sheila comprou uma casa assobradada na comunidade. "Com escritura", insiste. "Vamos colocar o mercado na parte da frente e vamos morar no fundo e no andar de cima."

Para Luís Miguel Santacreu, analista de bancos da Austin Rating, outro fator que inibe a participação maior dos bancos é o risco intrínseco aos negócios de porte muito pequeno. "A taxa de mortalidade de micro e pequenas empresas é altíssima no Brasil", comenta. Por isso, ele diz que, para o microcrédito crescer de forma sustentável no Brasil, é preciso que haja a criação de uma política social que provoque a saída da pobreza. "É preciso dar o crédito mas, junto com ele, uma formação técnica em gestão de empresas, por exemplo", comenta.

O índice de inadimplência do microcrédito aos empresários informais, no entanto, não supera 0,5%. "Isso porque é exigida a elaboração do grupo solidário", diz Jerônimo Ramos, superintendente de microcrédito do Santander. Na prática, o grupo solidário funciona como um seguro-fiança. Composto por no mínimo três empresários, um garante o pagamento da prestação caso o outro atrase a quitação.

Sheila, usuária há anos do microcrédito, afirma que só atrasou a prestação uma vez. "E foi porque meu marido se enganou com a data do vencimento, ou eu nunca teria atrasado." Agência Estado

Um comentário:

  1. Tomara não seja como o PCONE, programa de credito orientado para novos empreendedores, onde uma empregada domestica sem renda minima pagando pelo aval de dois avalistas, Famp do sebrae e fumproger do banco do brasil, e um curso de oitenta horas pelo sebrae,de onde esta dona de casa, usada como cobaia Por estas intituições financeiras OU PRO QUEM OPERA POR DETRAZ DELAS, o entitula como empresaria, apenas com um cnpj,com a promessa em ata, de aconpanharia os passos dessa coitada por tres anos e com o diploma na mão, serve como passaport para a caixa federal dosar o capital do emprestimo.
    E o resultado disso, e que com a esperteza juridica da caixa amarra o financiamento ao nome do conjuge, e os garntidores pagos, ficam de fora, pois o emprestimo so sai 50%, o sebrae pula fora e a recem empresa costituida com os moldes governamentais morre antes de germinar e deixa os titulares, Aquela domestica sem renda, sem conheciemntos, diplomada com o curso de economia e gerenciamento de empresa apenas com 80 horas,e para desgraçar o que lhe resta, suja o seu nome juntamente com o do seu esposo que vão para os tribunais com a unica que lhe sobrou " defensoria PULBICA' PARA NÃO DEIXAR A CAIXA LHE TOMAR SEU FOGÃO E SEU GUARDA ROUPAS E ATE SUA TELEVISÃO QUE ADQUIRIU COM O RECURSO PROPRIO COMO DIARISTA COMPRADO EM 15 VESES QUANDO TINHA NOME LIMPO.
    SERÁ SE ESTE VAI SER DIFERENTE?
    QUER A PROVA DOCUMENTAL DE TUDO QUE EU DISSE AQUI?
    DUVIDO QUE QUEIRAM SABER!

    ResponderExcluir

Nota do moderador: Comentários preconceituosos, racistas e homofóbicos, assim como manifestações de intolerância religiosa, xingamentos, ofensas entre leitores, contra o blogueiro e a publicação não serão reproduzidos. Não é permitido postar vídeos e links. Os textos devem ter relação com o tema do post. Não serão publicados textos escritos inteiramente em letras maiúsculas. Os comentários reproduzidos não refletem a linha editorial do blog