O presidente Lula escolheu o Senado como segunda prioridade das eleições e vai trabalhar para eleger os 18 senadores cujas vagas estão em jogo nos nove Estados do Nordeste. Lula acredita que pode usar sua popularidade para equilibrar a balança de poder no Senado, onde enfrentou dificuldades em seu governo. A oposição no Senado foi responsável, por exemplo, pelo fim da CPMF, que tirou R$ 40 bilhões de receita do governo. Lula também espera eleger a maioria dos candidatos ao Senado da base aliada no Norte, onde pretende derrotar outro adversário implacável em seus dois mandatos, o líder do PSDB na casa, Artur Virgílio, do Amazonas.
Depois de eleger o Senado como segunda prioridade da eleição, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu apostar que pode eleger os dois senadores para as duas vagas em jogo em cada um dos nove Estados do Nordeste, região onde é maior a sua popularidade. Para essa empreitada, além do comitê formal de campanha do PT, Lula conta com a ajuda do ministro Alexandre Padilha (Assuntos Institucionais) Paulista, 38 anos, médico formado pela Unicamp, Padilha fez carreira relâmpago na burocracia palaciana e hoje é um dos poucos ministros de Lula a transitar entre o Palácio do Planalto e o comitê eleitoral de Dilma.
Depois da eleição de Dilma para presidente, a prioridade de Lula sempre foi equilibrar a balança de poder no Senado, onde enfrentou as principais dificuldades de seu governo. O exemplo mais bem acabado do poder da oposição no Senado foi a extinção do imposto do cheque, a CPMF, no final de 2007, que desfalcou o caixa do tesouro em mais de R$ 40 bilhões, estimados para o exercício de 2008. Para senadores da oposição como Heráclito Fortes (DEM-PI), a derrubada da CPMF também acabou com o projeto de terceiro mandato acalentado publicamente, à época, por setores do PT.
Primeiro o presidente teve de convencer o PT a abrir mão de candidaturas aos governos estaduais em favor de aliados, especialmente do PMDB, mais bem posicionados nas pesquisas. Depois, montar os palanques com o PT e aliados de modo eleger a maioria da base governista no Senado. No que se refere ao Nordeste, o objetivo de Lula é eleger 18 senadores de partidos aliados. E, de quebra, derrotar os adversários que mais criaram dificuldades para o governo do PT como Heráclito Fortes, José Agripino Maia (DEM-RN). Na galeria de inimigos que Lula pretende derrotar está também o senador cearense Tasso Jereissati (PSDB).
Lula também tem expectativa de eleger a maioria dos candidatos ao Senado da base aliada na região Norte, onde pretende derrotar outro adversário implacável em seus dois mandatos: o líder do PSDB no Senado, Artur Virgílio (PSDB-AM). O ministro Padilha teve atuação direta no desmonte do palanque tucano no Amazonas, que ficou sem um candidato forte ao governo do Estado, e no Pará estreitou as relações com o cacique pemedebista do lugar, o deputado Jader Barbalho, que é um dos candidatos aliados que Lula espera ver no Senado, a partir de 2011.
Padilha atua junto com o presidente do PT, José Eduardo Dutra. O ministro maneja os instrumentos necessários para a negociação de bons acordos políticos, como a liberação de emendas parlamentares ao Orçamento, o que é uma responsabilidade da coordenação política do governo. Além dos assuntos institucionais, Padilha também é uma referência para os empresários e organizações que integram o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, do qual é secretário executivo.
Integrante da juventude petista, Padilha foi trabalhar no interior do Pará, quando se formou médico pela Unicamp. Quando Lula ganhou a eleição, em 2003, veio para o Ministério da Saúde, em Brasília, mas logo estava na Secretaria de Assuntos Federativos (SAF), órgão ora vinculado à Casa Civil, ora aos ministérios que responderam pela coordenação política. Nessa secretaria fazia a ponte e os governos que efetivamente apoiavam Lula no primeiro mandato - os três do PT (Mato Grosso do Sul, Acre e Piauí) e Vilma Maia (RN), Blairo Magi (MT) e Eduardo Braga (AM). Em Brasília, Padilha tratava de desobstruir verbas para obras, entre outras possibilidades que podiam ser exploradas pela SAF.
Quando o deputado José Múcio Monteiro (PTB) deixou o ministério para assumir uma cadeira no Tribunal de Contas da União (TCU), Padilha estava pronto para assumir o cargo - além do PT, o médico já então estabelecera relações com o PMDB do Senado, aliado de Lula desde o primeiro mandato. Na agenda de Padilha, os telefones onde poderia encontrar a qualquer hora o presidente do Senado, José Sarney, o líder Renan Calheiros e Jader Barbalho, que se elegeu deputado, em 2002, mas continua sendo considerado como do "PMDB do Senado". Feito raro entre seus antecessores.
Discreto, Padilha só foi notado pela oposição quando desembarcou no Piauí para articular um segundo palanque de apoio a Dilma no Estado. Palanque forte o suficiente para dar a vitória a Dilma, eleger os dois senadores e derrotar dois impiedosos adversários de Lula: Heráclito Fortes e o senador Mão Santa. Para tanto, Padilha convenceu o ex-governador Wellington Dias (PT) a se candidatar ao Senado, na chapa à reeleição encabeçada pelo atual governador do Estado, Wilson Martins (PSB).
Embora a chapa de Martins conte com um outro candidato ao Senado, Padilha jogou alto ao articular outra candidatura ao governo estadual, encabeçada pelo senador João Vicente (PTB), tendo como candidato ao Senado o deputado Ciro Nogueira (PP), um nome forte eleitoralmente no Piauí. Exposto, Padilha provou do veneno da política na província: a oposição descobriu que o ministro namorava com uma jovem do Piauí, cuja foto foi divulgada em um blog. Padilha, que é solteiro, reconhece o namoro, mas diz que seu interesse pela política do Piauí é antigo. Ele se orgulha, por exemplo, de ter trabalhado pela liberação de verbas do orçamento a fim de permitir a construção de ponte estaiada que virou atração turística no Piauí.
Escudeiro de Lula na tarefa de eleger o maior número de aliados possível para o Senado, reconhecido pelo PT e trânsito entre correligionários como Sarney, Renan e Jader, Padilha entrou na lista dos petistas cotados para ocupar um ministério em eventual governo Dilma. O Ministério da Saúde, segundo especulação corrente no PT, por ser ele médico e porque o atual ministro, José Gomes Temporão, embora na cota do PMDB não é reconhecido como tal pelo partido.Valor
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