O jogo de gato e rato entre Serra e Aécio

José Serra tentou um jogo de esperteza política, ao propor o fim da reeleição, e o mandato de 5 anos.

A "esperteza" política de Serra é para "seduzir" o ELEITORADO aecista, pois caso não houvesse mais reeleição, o eleitor mineiro poderia pensar que Serra é "bonzinho", pois estaria abrindo caminho para Aécio se candidatar em 2015.

Vejam bem: seduzir o ELEITORADO, e não o próprio Aécio, pois o ex-govenador mineiro sabe que um factóide inconstitucional destes não passa de uma proposta indecente. Chamar isso de "sedução" seria chamara Aécio de idiota. Tanto é que, em Minas, o próprio Aécio disse ser contra quando perguntado pela imprensa.

Serra e Aécio, em frente às câmeras, se derramam em elogios. Nos bastidores, um frita o outro. Serra fritou a candidatura presidencial de Aécio. Agora o mineiro trabalha sorrateiramente pela fritura de Serra.

O paulista sabe disso, e passou jogar com Aécio um jogo de gato e rato, cada qual achando que é o gato e que o outro é o rato.

Aécio boicota Serra, fingindo não boicotá-lo. E Serra procura encurralar Aécio, procurando deixá-lo sem saída, para não ter como se esquivar.

É um jogo de esperteza, onde um sabe que o outro o está sabotando, mas tem regras, como um jogo de xadrez, onde as peças só podem se movimentarem nas casas certas do tabuleiro.

Serra precisa fazer de conta que tem o apoio de Aécio. Se passar uma imagem de briga, perde mais votos em Minas. E sempre tentará encurralar o mineiro em sua campanha, seja buscando situações em que Aécio não possa recuar, seja usando apenas a imagem, à revelia do mineiro.

Aécio não pode simplesmente romper com Serra em público, para não perder liderança e o próprio controle do PSDB, que cairá no colo dele após as eleições, com a derrota de Serra.

Nada é feito de forma explícita, muito pelo contrário, mas os movmentos políticos falam por si.

Vamos aos atos recentes:

1º ato: Serra se lança em Brasília e diz que iria começar a campanha por Minas, tentando atraí-lo para a vice (o único jeito de obrigar Aécio a batalhar votos em Minas para Serra).

2º ato: Aécio persiste na recusa do cargo de vice. Serra muda o rumo, e começa a campanha pela Bahia.

3º ato: Serra tenta "se convidar" para o 21 de abril em Minas, dia de Tiradentes, data da maior importância política em Minas, onde o Governador agracia, com Medalhas da Inconfidência, diversas personalidades políticas ou não em Ouro Preto. É também a data de render homenagens pela morte de Tancredo Neves, avô de Aécio. Seria uma oportunidade de ouro para colocar a campanha de Serra nas ruas mineiras, se quisesse de fato elegê-lo.

4º ato: Aécio esvazia a agenda de Serra em Minas, reservando apenas o dia 19, dois dias antes da data de Tiradentes, e restringe encontros apenas a Belo Horizonte, justamente o maior reduto de Dilma e Pimentel, onde Aécio sempre teve dificuldades em ganhar eleições, e onde compartilhou apoio justamente com o PT em 2008.

5º ato: No dia de Tiradentes (21), o governador, que assumiu em substituição a Aécio, comandou a solenidade em Ouro Preto, sem a presença de Serra.

Anastaisa é o candidato de Aécio ao governo do estado nestas eleições, e em circunstâncias normais, jamais dispensaria a presença ilustre do candidato a presidente de seu partido. Se dispensou é sinal claríssimo de que não quer uma vitória de Serra em Minas.