domingo, 1 de novembro de 2009

Obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em favelas do Rio de Janeiro são tema de exposição.

Foi inaugurada na semana passada a mostra de fotografia Memórias do PAC na Escola de Artes Visuais (EAV) do Parque Lage, na zona sul. Fundada em 1975 por Rubens Gerchman, a EAV foi palco, em 1984, da grande exposição "Como Vai Você, Geração 80?", um marco na história das artes plásticas, que reuniu artistas como Daniel Senise, Leonilson e Luiz Zerbini.Fotografias exibem operários trabalhando, logotipos dos governos federal e estadual, escavadeiras, etc.

Em maio, o parque foi cedido pelo governo federal ao Estado, que apresentou cronograma de obras para melhorar a estrutura da EAV.

A mostra é resultado de oficina realizada pela Secretaria de Cultura e pela ONG Observatório de Favelas, com recursos do Pronasci, do Ministério da Justiça. Dos 94 moradores dos complexos do Alemão e de Manguinhos e das favelas da Rocinha e Pavão-Pavãozinho/Cantagalo inicialmente inscritos no projeto, 40 cumpriram os 10 meses de estudo e prática.

Aluna na década de 1970 e diretora da EAV há um ano, Claudia Saldanha destacou a importância social do trabalho. Para ela, a mostra de fotografias "não é uma exposição de obras de arte, e não tem essa pretensão". Já a secretária de Cultura do Estado escreveu no catálogo do trabalho que "a união de forças importantes - talento, criatividade, técnica, perseverança e recursos - gera arte e fotojornalismo de verdade".

Claudia defendeu o uso do salão nobre e das principais galerias da mansão, projetada em 1920, onde funciona a EAV. "A escola tem como função divulgar a obra não apenas de artistas de vanguarda, mas trabalhos em processo, jovens artistas e projetos externos. Não deve ser vista como museu ou galeria de arte", disse. A diretora defendeu "uso mais amplo" da EAV. "Antes, já houve uma mostra de alunos da Universidade do Estado (Uerj). A escola sempre foi do governo, mas adquiriu práticas privadas. O que estamos tentando fazer é resgatar o sentido de escola pública. Portanto, é natural e legítimo mostrar um projeto da secretaria", argumentou.

Claudia afirmou que a interpretação de que há propaganda embutida "mostra preconceito em relação ao acesso de camadas pobres da população a um lugar como o Parque Lage, na zona sul". Para Senise, o importante não é a discussão sobre a qualidade dos trabalhos, mas "o uso do nome PAC numa escola de arte".

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