Faltam 103 médicos no quadro de funcionários do hospital municipal de Itaquera (zona leste de SP), segundo relatório interno da própria prefeitura. O deficit atinge 16 especialidades --com destaque para as áreas de ortopedia e traumatologia, pediatria, psiquiatria e clínica médica --e representa 42% do total de profissionais indicados para o local. A unidade também precisa contratar 41 auxiliares de enfermagem e 25 técnicos administrativos, além de quatro enfermeiros.
Com a falta de médicos, os casos de emergência, de acordo com o estado do paciente, são encaminhados para a AMA (Assistência Médica Ambulatorial) que fica ao lado. "As pessoas já estão até acostumadas. Os funcionários mesmo falam, logo na entrada, para a gente voltar depois de quatro ou cinco horas ou ir direto à AMA. Não dá para entender o motivo, mas lá [na AMA] o atendimento é melhor", diz a desempregada Gleice Aparecida Martim, 30.
Segundo representantes do conselho gestor do hospital, o atendimento está prejudicado há mais de um ano. "O número de médicos vem caindo constantemente e agora atingiu o ponto mais crítico, com 103 médicos a menos. Está sobrecarregado", diz o conselheiro Paulo Roberto Belinelo, 56 anos. Ele diz que o hospital é referência em tratamento psiquiátrico na região. "Só que sempre falta psiquiatra. Os pacientes ficam misturados aos demais, nos corredores.
O maior problema, no entanto, está no tratamento oferecido a vítimas de traumas. Segundo levantamento detalhado produzido pela própria prefeitura, em julho deste ano, o hospital deveria ter 19 médicos ortopedistas, mas conta com somente três. A diferença é de 84%. A situação encontrada por quem procura atendimento infantil também é complicada. A mesma lista mostra que faltam 18 pediatras para medicar as crianças.
A reportagem conseguiu dados informando que o deficit aumentou de 91 em julho para 103 atualmente --os dados sobre a falta de profissionais em cada uma das especialidades não foram atualizados (veja quadro).
Muitos pacientes também não conseguem atendimento por falta de informação. A unidade não atende, por exemplo, casos de neurocirurgia ou cirurgia plástica.
Presidente da Comissão de Saúde da Câmara Municipal, a vereadora Juliana Cardoso (PT) afirmou ontem que vai entrar com representação no Ministério Público Estadual para cobrar, na Justiça, uma solução. A denúncia deverá ser feita nos próximos dias.
"A comissão visitou o hospital em junho, mas nenhum dos encaminhamentos que fizemos à prefeitura foi atendido. A falta de médicos é extremamente grave e atinge toda a zona leste", afirma.Agora
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