sábado, 10 de outubro de 2009

Dilma na capital e no interior da Bahia

Salvador e Feira de Santana - Nem parecia que a noite de sono no Palácio de Ondina, residência oficial do governador da Bahia, havia durado cerca de cinco horas. Bem disposta, a ministra da Dilma Rousseff, chegou ontem por volta das 7h10 ao primeiro compromisso de sua agenda no estado vestida devidamente a caráter. Dilma trajava branco, como manda a tradição do candomblé às sextas-feiras, quando compareceu à Basílica de Nosso Senhor do Bonfim. O lugar é considerado ícone do sincretismo religioso e a ministra não ficou imune a um ritual comum na porta do santuário católico.

Puxada pelo pai de santo Ivan dos Santos - ou pai de Oxum, como também se identifica -, Dilma tomou um banho de cheiro com folhas de aroeira. Foi rápido, menos de dois minutos. Pai de Oxum ficou satisfeito; "Ela é melhor pessoalmente do que na televisão", disse. Aos pés da igreja mais badalada de Salvador, encravada no alto de uma colina na Cidade Baixa da capital, Dilma subiu as escadas com palmas e gritos vindos da população. Sexta-feira é naturalmente o dia mais cheio na basílica, onde havia aproximadamente 500 pessoas, de acordo com a administração do local.

Ciceroneada pela primeira-dama da Bahia, Fátima Mendonça, a ministra assistiu ao culto em área reservada, à direita do altar, sempre ao lado do governador Jaques Wagner. Enquanto Alexandre Padilha, ministro das Relações Institucionais, cantava e batia palmas todo o tempo da cerimônia - que tinha a finalidade de agradecer pela saúde de Dilma, que se curou de um câncer linfático.

Reservas

As primeiras palmas da ministra durante a missa foram contidas, reservadas, quase envergonhadas. Dilma permaneceu a maior parte do tempo com as mãos entrelaçadas e repousadas sobre as pernas - discrição que destoava da primeira-dama, por exemplo. Presença frequente em eventos religiosos, Fátima chorou duas vezes durante a cerimônia, limpando os olhos por trás dos óculos escuros. O motivo seria a emoção do culto. Mas Dilma disse; "Quem chega à igreja do Bonfim entende perfeitamente os motivos de os baianos serem tão religiosos. Aqui, sinto o coração, a alma e a imensa generosidade dos baianos", elogiou, ao sair do templo.

Embora tenha se esquivado de qualquer indagação a respeito da candidatura para a Presidência no ano que vem, Dilma ganhou um cabo eleitoral ontem, com um santo poder de persuasão. O cônego Edson Menezes da Silva, reitor da Basílica do Senhor do Bonfim, rasgou elogios à ministra. "Muita saúde e paz para continuar a sua missão pelo povo brasileiro, que precisa muito da senhora", desejou o religioso. Menezes da Silva levou a imagem do Senhor do Bonfim, cuja adoração é tão grande que chega a emocionar os fiéis no templo, para que a ministra tocasse. No que depender das bênçãos dispensadas, Dilma sai da Bahia com o corpo fechado.

1 - Lavagem

Em janeiro, ocorre a lavagem das escadarias da Basílica de Nosso Senhor do Bonfim. A igreja tem uma importância tão grande para a população que se tornou, também, palco político. No dia da festa, quando baianas do candomblé lavam a entrada do santuário, figurões e nanicos da política baiana circulam pelo local atrás de popularidade.

2 - Diversidade

Fusão de concepções religiosas diferentes ou quando uma religião exerce influência na outra, o sincretismo é comum no Brasil, especialmente na Bahia. Para garantir o direito ao seu culto, os escravos teriam "apelidado" seus orixás de santos católicos. Nosso Senhor do Bonfim, por exemplo, foi associado a Oxalá. E assim permanece até hoje.

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