sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Yes we can

No estilo "quem faz mais", a ministra Dilma Rousseff (PT), e o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), se encontraram na inauguração de uma feira de imóveis e condomínios ontem em São Paulo, promovida pelo Secovi, o Sindicato da Habitação, e desdobraram-se para contar feitos dos governos estadual e federal na área de moradia popular. Os dois são pré-candidatos à Presidência da República.

Dilma disse que o governo Lula destinou R$ 38 bilhões este ano à habitação. E tomou emprestado o discurso do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.

- O Brasil pode erguer a cabeça e dizer: Sim, é possível. Sim, nós fizemos - afirmou Dilma, numa referência ao mote de Obama: "Sim, nós podemos".

Em outro momento, ao falar com os empresários que, por ser brasileira, ela não se "conformaria" com os mesmos R$ 38 bilhões, Dilma lembrou da propaganda de Lula: - Aquela propaganda que diz "o brasileiro não desiste nunca" tem de ser completada.

O brasileiro não se conforma nunca.

Serra parodiou Lula, usando expressões como "nunca se fez tanto em São Paulo pela habitação" para promover o seu governo diante dos empresários. Apesar dos discursos de disputa, o clima entre eles era de cordialidade. Dilma e Serra se cumprimentaram com dois beijinhos no rosto e caminharam pela feira. O governador tucano interrompeu uma coletiva não programada para que a ministra desse sua entrevista, e aguardou que ela terminasse para voltar a conversar com os repórteres.

O governador destacou as parcerias do estado com o governo federal na construção de moradias populares. Mas afirmou: - Mas isso sempre foi uma marca da política habitacional de São Paulo.

Para Serra, o "pior da crise já chegou": - A tendência agora é melhorar. Quanto vai melhorar, é incerto. Como sou economista, não faço previsões. Mas, sem dúvida, o pior já passou - disse Serra.

A ministra também foi ao Hospital Sírio-Libanês para mais uma bateria de exames. Ela concluiu no mês passado o tratamento de quimioterapia contra o câncer linfático.

Em resumo

Dois pré-candidatos à Presidência da República em 2010 dividiram ontem o mesmo palco em São Paulo, durante a abertura de um evento imobiliário. A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), e o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), trocaram gentilezas em público. Fizeram os discursos de praxe, elogiaram os programas habitacionais federal (Dilma) e estadual (Serra) e depois teceram comentários sobre o atual quadro político, tanto em relação a possíveis alianças quanto aos resultados das últimas pesquisas eleitorais.

Para Dilma, o PMDB, partido da base do governo federal, não esconde seu apoio ao sucessor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "O PMDB não esconde o apoio ao governo Lula, à sucessão", disse Dilma.

Na semana passada, o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), cobrou do PT e do presidente uma definição rápida sobre uma aliança com o partido em 2010 e disse que a vaga de vice deve ser do PMDB. Sobre o assunto, a ministra afirmou que só pode assumir sua candidatura depois que o PT decidir em assembleia ou congresso do partido. "Mas fico contente com as manifestações [do PMDB]."

Para Serra, que conta com o apoio do PMDB paulista, liderado pelo ex-governador Orestes Quércia, o que deve ser ressaltado é a importância da política local para a definição do cenário nacional nas eleições. "Política local num país como o Brasil tem uma importância enorme."

Ele citou como exemplo o ex-presidente Fernando Collor. "Até um presidente da República caiu por causa da política local. O que derrubou Collor foi um jornalzinho de Alagoas. A gente costuma esquecer, mas na hora ´h´ tem uma presença muito forte."

Rachados, os pemedebistas favoráveis à candidatura de Serra ao Palácio do Planalto querem adiar o fechamento da aliança com o PT para a eleição de 2010. Serra, no entanto, evitou falar sobre uma possível candidatura à Presidência da República em 2010.

"Estou comprometido com a minha função de governador de São Paulo, fui eleito no primeiro turno, é uma trabalheira imensa, vou continuar focalizado nisso", disse o tucano durante evento imobiliário, na capital paulista. "A campanha [eleitoral] foi, infelizmente, muito antecipada. Mas eu não vou antecipar", reiterou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Nota do moderador: Comentários preconceituosos, racistas e homofóbicos, assim como manifestações de intolerância religiosa, xingamentos, ofensas entre leitores, contra o blogueiro e a publicação não serão reproduzidos. Não é permitido postar vídeos e links. Os textos devem ter relação com o tema do post. Não serão publicados textos escritos inteiramente em letras maiúsculas. Os comentários reproduzidos não refletem a linha editorial do blog