A grande novidade da pesquisa Datafolha publicada neste domingo é que não apresenta nenhuma grande novidade.
A crise política que dominou o noticiário nacional nos últimos meses nada alterou nos índices de popularidade do presidente Lula nem na corrida sucessória para 2010, ficando tudo na mesma dentro da margem de erro.
Ao contrário do previsto por dez entre dez dos maiores colunistas políticos do país, o festival de denúncias, baixarias e escândalos dos últimos meses, tendo como epicentro o Congresso Nacional, os números do Datafolha de agosto são praticamente os mesmos da pesquisa anterior divulgada em maio.
Nem a doença de Dilma e as denúncias contra ela, nem a gripe suína, nem a surpreendente entrada em cena da senadora Marina Silva como provável candidata do PV à Presidência da República, nada foi capaz de mudar as intenções de voto para 2010 e a avaliação positiva do governo Lula.
O líder das pesquisas José Serra perdeu um ponto (foi de 38 para 37), Dilma manteve os mesmos 16% da pesquisa anterior, assim como Ciro repetiu o índice de 15%. Logo atrás, Heloísa Helena subiu de 10 para 12%.
Marina Silva apareceu com apenas 3%, desmentindo os números do Ipespe, o Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas do cientista político Antonio Lavareda, que trabalha para o consórcio PSDB-DEM, na qual a senadora aparecia com índices entre 10 e 27% das intenções de voto _ argumento utilizado pelos verdes para convencê-la a sair candidata pelo partido.
“Lula passa por crise sem perder alta aprovação”, parece lamentar a Folha, em modesta matéria de uma coluna expremida na página A11, na qual informa que o presidente caiu apenas dois pontos (de 69 para 67) no auge de mais uma crise do fim do mundo.
O que para mim mais uma vez ficou claro nesta pesquisa do Datafolha é que há uma clara separação entre o Brasil real da grande maioria da população, satisfeita com a recuperação da economia e com a vida que leva, e o Brasil midiático, que emenda uma crise política na outra.
Outra constatação óbvia é que o quadro sucessório continua indefinido, não se sabendo até agora quem serão os candidatos para valer. Mas parece mais distante a possibilidade de uma eleição plebiscitária entre Serra e Dilma, como queria o governo.
Ciro será candidato a presidente ou a governador de São Paulo?
Heloísa Helena, a líder do PSOL que hoje é vereadora em Maceió, sairá candidata a presidente ou ao Senado por Alagoas?
Qual rumo tomará Aécio Neves, que continua na rabeira da pesquisa em diferentes cenários, mas não abre mão da sua candidatura por enquanto?
Até onde pode crescer Marina, se for mesmo candidata pelo nanico PV de Gabeira, o candidato do PSDB-DEM no Rio?
Enquanto estas perguntas não forem respondidas pelos fatos, tudo não passa de chute, a apenas 15 meses do dia de irmos às urnas.
Ricardo Kotscho
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