O PT comemora dois resultados da pesquisa nacional encomendada ao Vox Populi sobre o cacife eleitoral da ministra Dilma Rousseff. O primeiro é ter ela alcançado a marca de 20% das intenções de voto - o que os petistas, segundo dizem, esperavam que só ocorresse no fim do ano ou nos primeiros meses de 2010. O segundo resultado é o de que 54% das 2 mil pessoas entrevistadas pelo instituto ignoram que ela é a candidata do presidente Lula.
À medida que a informação se difundir no eleitorado, argumentam, a adesão a seu nome só vai aumentar. Afinal, a maioria dos que desconhecem que o presidente é o patrocinador da sua candidatura se concentra no grupo de menor escolaridade, a parcela mais lulista da população. A pesquisa, por sinal, confirma o favoritismo do governador tucano José Serra, com 43% das preferências, o dobro do índice obtido pelo colega e correligionário Aécio Neves.
O levantamento foi feito depois que Dilma anunciou que tinha extraído um câncer e iria fazer quimioterapia. Mas apenas 31% dos entrevistados sabiam disso, enquanto outros 36% disseram ter ouvido "alguma coisa" sobre a ministra nos últimos tempos. São números impressionantes. O problema de saúde de Dilma foi assunto de destaque em frequentes edições de todos os telejornais, que também deram as afirmações de Lula de que ela estava curada e poderá perfeitamente bem vir a ser a sua sucessora.
Sob as luzes, ela considerou "de mau gosto" as perguntas que lhe faziam sobre os presumíveis efeitos da sua condição clínica para o seu futuro político. Mas, ainda que a imprensa tomasse a surpreendente decisão de tirar o assunto de pauta ao entrevistá-la, é inevitável que ele permaneça no topo da pauta política - e a ministra não precisa ler os jornais para saber disso. O problema, a rigor, não é que os políticos, a começar dos companheiros de viagem do presidente, se perguntem como ficará a sucessão se... caso... na eventualidade de...
O problema é a desenvoltura com que, sempre na deles, abrem o jogo das suas especulações sobre o tal do "plano B". Poderiam ao menos mencionar - e isso é o tipo de coisa para a qual os políticos têm antenas sensíveis - que a imagem da ministra parece ter ficado não só mais nítida, como também mais positiva entre os que acompanham o noticiário de sua adversidade. Menos, quem sabe, pela solidariedade humana da plateia do que por sua conduta. No fio da navalha entre a proteção da sua privacidade e o reconhecimento do preço a pagar por ser uma figura pública, Dilma tem-se mostrado, numa palavra, verdadeira.
Não é pouco no mundo da videopolítica - e tem tudo para influir nas próximas pesquisas. Enviado por: Luiz Weis - O Estado de S. Paulo - 27/05/2009
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